quinta-feira, 3 de julho de 2014

Saco de magoas

                                                            "O problema é que se existem apenas duas alternativas, ser bem-sucedida ou fracassar, mas ela ainda não chegou onde gostaria de chegar… Aonde ela está neste momento? Sim, neste exato momento ela está fracassando. No hoje, que é o único lugar onde vivemos, ela está pendurada em um galho sobre um abismo, imaginando todas as centenas de possibilidades terríveis que podem lhe acontecer a qualquer momento, porque no lugar onde ela está HOJE não existe luz suficiente para perceber exatamente qual lugar é este. Talvez ela esteja no caminho certo para conquistar tudo aquilo que almeja, talvez a única coisa que ela demande, neste momento, é o tempo necessário para as coisas acontecerem… É noite, ainda não clareou e tudo o que ela sente são os pés balançando sobre o nada. Mas isso não significa que exista o abismo." Texto completo




Eu me anulei por não querer enxergar. Nunca fui uma santa imaculada. Não sei a dimensão dos meus erros, e quais eles sejam diante dos olhos dos outros. Eu só os deduzo todas as vezes que me martirizo e dramatizo sozinha, escondida em meus choros. Eu fico buscando erros em mim pra tentar entender todo este caos.

Existe pendurado em meu pescoço um saco de magoas pesadíssimo. Lá existem magoas não reveladas. Magoas que deveriam ter sido passageiras e outras que ficarão até o meu sempre. E só eu sei como é insuportável conviver e a dor de me desprender de todas elas.

Estou me sentindo frágil. Desestabilizada emocionalmente. Nesses últimos meses (a musica que me acompanhou: Marina andthe Diamonds - Starring Role) me entristeci tanto que fui sumindo de mim aos poucos, ao ponto de não suportar o que restou cá dentro. É como se eu tivesse dado tanto minha cara a bater que nem mais existe espaço pra apanhar. A sensação é de que minhas mãos derreteram diante do fogo em que as coloquei. Dói ter que pagar com um pedaço da própria língua. Dizer que estar difícil vivenciar este momento é exageradamente pouco. 

Ver o olhar torto de algumas pessoas chega ser cruel. Por que eu sou agora a pessoa que não tem vergonha na cara (como eu mesmo já disse) por amar alguém. É como se eu não pudesse surtar, por que mocinhas não fazem isso. Mocinhas engolem tudo a seco sempre. Que eu sabia só existe uma mulher na historia da humanidade que pariu de maneira inocente. O resto expôs suas intimidades para aqueles que quis mostrar.  As pessoas puritanas de língua grande me insultam e entristecem mais ainda, por me julgar num momento de sofrimento e na minha tentativa de colocar a vida nos eixos.

Em meus 25 anos de existência me sinto como uma menina desprotegida, ingênua... Eu que não deveria confiar em ninguém, sempre acabo confiando. Meu desejo instintivo sempre é o de querer consertar tudo.  Como alguém me disse dias atrás. Sou muito esperançosa.

Agora eu tenho que ter obrigatoriamente a resiliência diante de tudo. Eu preciso reagir. Reinventar minha vida. Na verdade trabalhar arduamente para que eu possa dizer que essa vida é minha. 

Estou tentando me equilibrar. Pois a responsabilidade sobre tudo que eu sinto é minha. Cada peso em cada lado da balança. Quando tudo que se sente não cabe em linhas. Quando nada cabe mais por dentro e só transborda.

Alguém já sentiu a vontade real de matar alguém, sem querer que ela morra, por que se você presenciasse essa morte acabaria entrando no terror da perda definitiva de alguém por quem você tem tanto amor? Uma loucura, né mesmo? É isso, minha sanidade pode ser questionada sim.

Eu quero poder chorar até meus olhos não aguentarem mais. Esvaziar tudo dentro de mim. Fazer uma faxina geral. Por que eu me sinto a própria maçã envenenada. Cheia de veneno para matar outra. 

Eu vou ter que abaixar minha cabeça dentro da casa dos meus pais como se eu estivesse cometendo um erro, como se nunca mais eu pudesse questionar um, como se eu estivesse aceitando um. Mais não consigo aceitar este erro. Eu aceito o momento que eu estou vivendo. Estou tentando descobrir o propósito disso tudo. Do por que estou precisando passar por tudo isso.

Só existe uma pessoa que eu quero falar a respeito sobre isso, e só. A pessoa que me faz querer companhia nos momentos em que minha mente insiste em querer solidão. Mesmo sendo insuportável lembrar de tudo a todo instante, a cada materialização dos fatos em minha mente. É com ele que preciso me desgastar em dialogar sobre tudo trocentas  zilões de vezes exaustivamente. 

Ninguém nunca tentou me explicar sobre o que é o amor. Eu quero tentar entender que tipo de amor é esse que tem por mim. Eu quero entender que tipo de amor é esse que eu sinto. Nunca conseguir me explicar. Já pensei na possibilidade de ser doença, imbecilidade, babaquice de minha parte, se é medo de ficar só ou se esse meu tipo de amor seja o mais normal de todos.

As vezes eu olho pra ele e fico me perguntando por que de tudo isso. Por que ele fez isso tudo. Por que se me amava, como disse naquele ultimo domingo, por que fez tudo isso acontecer. Por que desejou, idealizou, planejou e concretizou minuciosamente tudo. E por que eu que de algum modo sentia tudo que estava acontecendo não fiz nada.

Eu não sei se tenho capacidade de perdoar. Mas tenho a de dar chances, possibilidades... O meu perdão não será suficiente para mudar tudo daqui em diante. A mudança estar além do perdão.
Eu só ando me arrastando, sem força pra sair daquele velho conhecido poço que me dei o trabalho de florear de rabiscos de que dias melhores sempre chegam.

É difícil falar todas as coisas. É difícil ouvir todas as coisas. Mais aceitei a conformidade de que é necessário enfiar o dedo violentamente em cada ferida. Fazer sangrar, suturar, por fim curar.

A dor de mudar o habito. Aceitar a falta de imunidade para os acontecimentos da vida. 

Agora é a hora de pensar tudo que me aconteceu. Todos os meus momentos ruins de vida. Os bons, o que eu aprendi, o que preciso aprender. Avaliar, questionar... tomar um rumo.

Empatia é se colocar no lugar do outro e sentir, projetar por dentro o outro. Mas nesse momento eu só consigo ver aquilo que eu enxergo a olho nu e cru.

Mais eu preciso de mais, eu preciso ver sem pele.  Preciso ver além dos registros. Das lágrimas. Eu não sei exatamente do que eu preciso processar no meu banco de dados, sei que necessito em demasia de muitas coisas.

Não sou dessas pessoas que conseguem seguir facilmente por que meu corpo dói inteiro, perde as forças. Eu fico aqui dolorida lembrando das coisas que já li, que já ouvir e já viver na tentativa de encontrar conforto. Eu preciso resolver tudo isso. Compreender a moral dessa historia. Preciso de ajuda, de tempo, paciência e do meu espaço.

Não faço ideia de quanto tempo é necessário para essa dor passar. Mas em meio essa tristeza toda, como sempre estou me esforçando em ser positiva.

Eu só peço desesperadamente... por favor, me respeite(m).


Willi