Você sentou novamente em frente ao computador, abriu o navegador e voltou a desperdiçar seu tempo.
Enquanto continua lendo o texto de um cara que não sabe absolutamente
nada sobre o que escreve, não vai adicionar nada à sua cultura, ou mesmo
tem alguma influência no assunto, o mundo lá fora pressiona algum outro
idiota a fazer o mesmo que você.
Faz alguma ideia da importância
disso? É, imaginei que não, mesmo.
A sua vida é este sonho onde a lucidez é apenas uma ilusão com a qual
você alucina nos raros momentos onde para e pensa em alguma coisa que
não seja um monte de porcarias aleatórias. Olhos abertos, olhos
fechados, dormindo ou acordado, qual a diferença? Você não tem autonomia
alguma para decidir nada. Nem mesmo o que, em quem ou como quer pensar.
Enquanto você continua lendo, numa tentativa de encontrar respostas,
seus problemas permanecem lá, do mesmo jeito. Sua vida permanece cheia
de crises, pendências e uma completa ausência de sentido. “Vazio” é a
palavra que descreve tudo. O melhor que consegue fazer para mudar é
contratar uma diarista, comprar um sofá e uns tapetes para decorar o
apartamento, arranjar uma namorada e levá-la para passear no shopping.
Você não tem coragem sequer de sentir dor. Fica ansiando pela
felicidade como uma criança assistindo ao Rei Leão, achando que um dia
vai ser rico e substituir seu chefe. Abre o seu navegador n’um site
qualquer, esperando que alguém lhe diga como, o que ou quem você deve
ser, imaginando a vida de pessoas que pensa serem diferentes de alguma
maneira especial. Seres fora do planeta Terra. Exemplos a seguir. É
assim que uma pessoa deve realmente deve ser?
Por algum motivo, você
é incapaz de admitir que seja um nada, que a sua presença na Terra
significa tanto quanto um átomo de um grão de areia na praia. Não tem
coragem de imaginar seu próprio caixão com o cadáver do que um dia
pensaram ser você, lá dentro. A ideia de ter uma vida finita o amedronta
tanto que isto o torna uma vaca dócil no abatedouro.
“Você precisa saber que vai morrer. Não ter medo. Saber que vai morrer.”
Precisa saber que o seu último dia chegará e pode ser daqui a algumas
horas. Precisa saber responder, sem hesitar, o que você quer fazer com o
pouco tempo que possui. Pintar, bordar, plantar uma árvore, ser uma
estrela do rock, não importa. Você precisa saber.
E você espera que
eu abra as portas da esperança, traga alguma receita de felicidade ou um
passaporte para a ilha da fantasia, sinto muito. Não é sobre felicidade
que vim falar. Não vou ensinar como ser mais forte, mais bonito, mais
inteligente, ganhar mais dinheiro ou conquistar mais mulheres. Não, nada
disso. Tudo o que sei é sobre perda, sofrimento, vício, desilusão,
batalhas e, principalmente, derrotas.
Eu digo: pare de lamentar suas
derrotas. Pare de sofrer inutilmente. Aprenda a gostar disso. Perceba o
sabor do sangue na sua boca quando o soco chega. A falta de ar quando o
impacto atinge o seu estômago. A poeira no rosto quando você cai de
cara e não sobra mais nada. Note o brilhantismo deste momento. A
oportunidade única que chega agora. Ria diante da dor, aproveite para
sair do torpor e lembrar, alguma vez, o que é realmente se sentir vivo.
Você nunca será feliz. Nunca terá a vida que deseja. Nunca conseguirá
gerar as condições perfeitas para atingir a realização definitiva. Se
esperar por isso, a morte vai chegar e não vão subir os créditos,
ninguém vai aplaudir e nenhuma luz vai acender. Nada de autógrafos e
sucesso. Apenas a cova fria e escura. Parece assustador? Você não sabe
onde estive.
Se eu perguntasse quem é você, provavelmente viria
cheio de frases prontas. Um monte de besteiras. Músicas que gosta,
filmes, lugar onde trabalha, suas mazelas nos relacionamentos, a cidade
onde cresceu e as expectativas salariais dos próximos anos. Você não é
nada disso.
Se me perguntassem, diria: eu sou o punho de Jack
acertando a sua cara. Eu sou o câncer no coração podre de Jack. A
profunda amargura que sobrou das decepções de Jack. Sou o sangue, a
carne e a mente doentia de Jack. Sou tudo o que você quis ser e não teve
coragem.
Eu sou Tyler Durden.