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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Se você fosse um livro nacional, qual livro seria? Um best-seller ultrapopular ou um relato intimista?

O site do Educar oferece essa ferramenta deliciosa para os amantes de livros. Porque sejamos sinceros quem não gostaria de ser um livro? Descubra Aqui.

Eu Sou essa contradição ai, rsrs:

"A paixão segundo GH", de Clarice Lispector.
Você é daqueles sujeitos profundos. Não que se acham profundos – profundos mesmo. Devido às maquinações constantes da sua cabecinha, ao longo do tempo você acumulou milhões de questionamentos. Hoje, em segundos, você é capaz de reconsiderar toda a sua existência. A visão de um objeto ou uma fala inocente de alguém às vezes desencadeiam viagens dilacerantes aos cantos mais obscuros de sua alma. Em geral, essa tendência introspectiva não faz de você uma pessoa fácil de se conviver. Aliás, você desperta até medo em algumas pessoas. Outras simplesmente não o conseguem entender.
Assim é também "A paixão segundo GH", obra-prima de Clarice Lispector amada-idolatrada por leitores intelectuais e existencialistas, mas, sejamos sinceros, que assusta a maioria. Essa possível repulsa, porém, nunca anulará um milésimo de sua força literária. O mesmo vale para você: agrada a poucos, mas tem uma força única.

"O alquimista", de Paulo Coelho
Há alguém no seu bairro, na sua empresa ou mesmo na região que não te conheça? Bem, podem não te conhecer pessoalmente, mas já ouviram falar de você com certeza. Popular e carismático, você está para as pessoas ao seu redor o que os best-sellers estão para os leitores: todo mundo conhece, a maioria gosta e/ou admira, mas alguns torcem o nariz devido ao seu excesso de popularidade, ou, é preciso dizer, de superficialidade mesmo. Afinal, essa personalidade que agrada a todos pode ter um quê de falta de personalidade, não é não? Bem, de toda forma, você não se importa com isso. O que importa é compartilhar a sua experiência de vida – mística ou não – e atrair admiradores.
"O alquimista" (1988) é, possivelmente, a mais conhecida das obras de Paulo Coelho, o mago das vendas em livrarias brasileiras e internacionais. Fenômeno de popularidade, já vendeu quase 38 milhões de cópias em todo o mundo e foi publicado em cerca de 140 países. E, claro, ocupa a cabeceira de muita gente em busca de autoconhecimento e entretenimento esotérico.


E tem mais...

Que personagem de Clarice Lispector é você?(Aqui)

Joana, de "Perto do Coração Selvagem" Joana se caracteriza pelo predomínio de um espírito livre e indomável. O romance narra a saga de uma mulher muito questionadora, que não se submete às convenções e é muito corajosa. É a personagem mais independente da autora. Não tem medo de nada.
Gostaram? Acesse nos links para fazer seus testes e quem fizer ai me mostra o resultado!?!


P.s: É apenas minha pessoa que não estar conseguindo comentar e responder as postagens depois que o Blogger atualizou ou é minha queridinha 3Gesinha que tá de sacanagem comigo? Por que nos últimos dias não consigo comentar em nenhum lugar [tá chato isso :( ]!!!

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O Milagre das Folhas


Não, nunca me acontecem milagres. Ouço falar, e às vezes isso me basta como esperança. Mas também me revolta: por que não a mim? Por que são de ouvir falar? Pois já cheguei a ouvir conversas assim, sobre milagres: “Avisou-me que, ao ser dita determinada palavra, um objeto de estimação se quebraria.” Meus objetos se quebram banalmente e pelas mãos das empregadas. Até que fui obrigada a chegar à conclusão de que sou daqueles que rolam pedras durante séculos, e não daqueles para os quais os seixos já vêm prontos, polidos e brancos. Bem que tenho visões fugitivas antes de adormecer – seria milagre? Mas já me foi tranquilamente explicado que isso até nome tem: cidetismo, capacidade de projetar no campo alucinatório as imagens inconscientes.

Milagre, não. Mas as coincidências. Vivo de coincidências, vivo de linhas que incidem uma na outra e se cruzam e no cruzamento formam um leve e instantâneo ponto, tão leve e instantâneo que mais é feito de pudor e segredo: mal eu falasse nele, já estaria falando em nada.

Mas tenho um milagre, sim. O milagre das folhas. Estou andando pela rua e do vento me cai uma folha exatamente nos cabelos. A incidência da linha de milhares de folhas transformadas em uma única, e de milhões de pessoas a incidência de reduzí¬-las a mim. Isso me acontece tantas vezes que passei a me considerar modestamente a escolhida das folhas. Com gestos furtivos tiro a folha dos cabelos e guardo-a na bolsa, como o mais diminuto diamante. Até que um dia, abrindo a bolsa, encontro entre os objetos a folha seca, engelhada, morta. Jogo-a fora: não me interessa fetiche morto como lembrança. E também porque sei que novas folhas coincidirão comigo.

Um dia uma folha me bateu nos cílios. Achei Deus de uma grande delicadeza.

Clarice Lispector

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Não amar, era a natureza errando. C.L

"Por te falar eu te assustarei e te perderei?
Mas se eu não falar eu me perderei,
e por me perder eu te perderia”



Clarice Lispector

sábado, 6 de agosto de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Das Vantagens de Ser Bobo


O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."

Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.

O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.

Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.

Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"

Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!


Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.

Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.


CLARICE LISPECTOR

domingo, 3 de julho de 2011

Esbórnia

Buscou a esbórnia como refugio de tudo que ela não mais tinha. Foi viver uma nova vida sem vida.

 Dois meses já havia se passado e ela ali no meio de gente que ela nem reconhecia. Ela dançava em meio a todos na boate moda da cidade, era doses e mais doses de bebidas desconhecidas. Bebia e não se importava com o que poderia acontecer o álcool não ameaçava derruba-la e ela bebia mais e mais. No meio das luzes mexia o corpo e se deslizava em outros. A fumaça a consumia e a fazia esquecer do mundo, a fazia esquecer dele.

                         Senti que podia. Fora feita para libertar. Libertar era uma palavra imensa, cheia de mistérios e dores. C. L.

Willi Santos

Uma foto é uma imagem para se entender

Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca. C.L.

Ele sabia que ela sofria por alguém, mas nunca a questionou. Sabia de cara que ela era de sentir, não invadiu o seu espaço e a deixou respirar. Por aqueles dias ele se sentiu na missão de diminuir uma dor. Disse alguém um dia que a dor sentida é proporcional ao tamanho do amor sentindo. Ele sentia que o amor dela era muito grande. Sabia que não devia tocar na ferida dela e preferiu seguir o seu ritmo a deixando a vontade no seu fingir. A entendia e resolveu aceitar o que ela o oferecia. O seu sentir.

Levou ela a famosa passarela de bares na praia. Junto foi sua câmera e juntos gravaram a beleza do local. Ele a fazia rir, do lado dela ele sentia bem. Ela o fotografava aos montes. Sentaram-se à mesa fizeram um pedido, beberam a vontade. Ele tomou uma decisão contar mais quem ele era. Ela o ouvia, e desejava se apaixonar por ele. Ela não entendia por que não ele, por que não conseguia se apaixonar pelo desconhecido que a fazia bem. Ela lembrava faltava três dias e ele partiria. Ele por um segundo se entristeceu por ter que ir. Ambos riam dos acontecimentos em sua volta, faziam piadas deles mesmo e passaram mais um dia agradável ou ambos se enganando. E a chamou de Anjo.

Ela acreditava em anjo e, porque acreditava, eles existiam. C.L.

Willi Santos

Fotografia de um Domingo

"Muita coisa que ontem parecia importante ou significativa amanhã virará pó no filtro da memória. Mas o sorriso (...) ah, esse resistirá a todas as ciladas do tempo."
C.F.A.

Pegarão um sol daqueles. Tomaram uma cerveja gelada. Ele e seu charmoso cigarro na boca. Ela e seu biquíni preto. Resolverão desafogar as dores. E ele disse a ela:


- Você poderia ser o amor da minha vida.

- E você poderia ser o meu, mas não é.

- E por que não somos?

- Não sei, mas devíamos ser.

- Concordo! Então vamos ser por essa semana?

- Vamos!


Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento. C. L.


Willi Santos

Em meios aos dias a fumaça se espalhava

Como já disse Clarice L.: Somos apenas corpos vivendo. E viveram dias maravilhosos.

Tanto ela como ele tinham algo por dentro que queriam esquecer por momentos. Cicatrizes que doíam o peito. Um apoiou o outro sem palavras de consolo. Fingiram que nada existia e viveram alegrias. Ele queria marcar lembranças para toda vida. Ela queria sentisse viva. Ele a admirava e tirava fotos enquanto ela caminhava. Ela o observava no canto fumando, ele sabia que a fumaça a fazia mal. Ela pela primeira vez achava aquele ato de sugar fumaça irresistível. Ambos não fizeram promessas incrédulas, não criaram expectativas e curtiram todos os dias.

Ps: E poderiam ser um o amor do outro, mas eram apenas corpos vivendo.

Willi Santos

Beijo fotografado

Escuta: eu te deixo ser, deixa-me ser então. C. L.


Mas um dia começa e ela, mas uma vez cumprindo suas obrigações. Terminando sua rotina diária foi estudar. No meio dos livros o telefone toca. Ele mais uma vez a convidando para uma nova tarde. Ela pensou mais uma vez em dizer não e ele lembrou que tinha menos de duas semanas na cidade. Aceitou e pela tarde lá estava ela mais uma vez dentro do KIA prata. Ela lhe fez um pedido, estava desejosa por um sorvete que não tomava há tempos, ele aceitou e gostou do convite. No caminho avistou o prédio cinza com listras vermelhas, lembrou dele e ele percebeu. Fez que nada estava acontecendo, mas por dentro o coração palpitava de dor. Chegaram à sorveteria e tomaram sorvete quase a tarde inteira. Eles conversavam e na sua cabeça vinha lembranças que a entristeciam. Pediu que a levasse para outro lugar. Ele estava decidido em agrada-la e fazer rir com suas piadas.

Chegaram à praia e caminharam para o lugar inicial de tudo aquilo. O por do sol era encantador. Olhares se cruzaram, ela ficou desnorteada e ele se desconcertou. Começaram a chutar a água e seguida começaram a correr e rir sem aparente motivo. Brincavam como crianças, como se conhecessem de velhos tempos. Ele a pegou pelo braço e ambos caíram no chão de areia. Ela caiu por cima dele e como cena de um filme ela o encarava magnetizada, ele colocou a mão no seu rosto e ele foi o seu primeiro beijo após aquele que foi(e ainda é) o seu grande amor.



Ps: poderia ser o novo amor da vida dela, mas era só um carinho de verão.

Willi Santos

O fotografo tabagista

Depois de uma convensa de conheceimento mutuo. Os novos conhecidos se despediram. Ele voltou para casa, ela para o meio dos aparentes amigos.

Já em sua casa ainda na cama, havia acabado de acordar de um sonho estranho. Aquele que tanto amou passou aparecer para destruir tudo que aparentimente era bom. Sentia uma leve ressaca e uma fome gritante. Levantou se dirigindo a cozinha, tomou seu café e voltou ao quarto. Enfiou a mão dentro da bolsa encontrando por acaso o isqueiro prateado.

Sim era verdade toda a conversa com o rapaz desconhecido havia de fato acontecido. Mas ela provavelmente não o veria mais, duas semanas depois o rapaz voltaria aos seus estudos e esqueceria aquele fim de tarde. O isqueiro ficaria apenas como uma doce lembrança. Um equivoco ou um engano dela? Para sua surpresa ele ligou a convidando para uma tarde irresistível. Ela não conseguiu negar o convite do rapaz e quando desligou o celular ficou sem saber como fazer, pois não vinha com uma boa situação em casa devido as suas demasiadas saídas. Pensou e resolveu ligar para o fotografo dizendo que não poderia sair, até que ela recebeu mais uma nova ligação. Era ele para confirmar se estava tudo ok. Ela resolveu ser direta e explicou à situação, ele se mostrou compreensivo e disse para não se preocupar, que daria um jeito e que sim, eles iriam sair aquela tarde e a deixaria em casa a tempo.

Ela começou a pensar que aquilo era loucura, com certeza não era mais a menina que pensava nas consequências. Sair com um estranho o que tinha passada na cabeça dela. Percebeu que já vinha fazendo isso a pouco menos de dois meses, só vinha se mantendo rodeada de estranhos e resolveu parar de pensar. Cuidou da casa, esperou os pais saírem, sua irmã a ajudou a se arrumar. Colocou o vestido azul e escutou a buzina na porta de sua casa. Era ele, e sua irmã o conferiu de longe lhe dizendo aos ouvidos “super pegavel”, ela sorrio e entrou no carro. Ele a elogiou em seguida dizendo que a partir daquele dia adorava azul. Ela devolveu seu isqueiro prateado, ele a agradeceu dizendo sentir saudades do pequeno companheiro. Ela não conseguia entender como foi parar ali num carro de um desconhecido e tabagista. O cigarro era um agressor para sua renite, mas ela o olhava com o cigarro ainda não acesso na boca e achava tudo aquilo extremamente sensual. Ela tinha que admitir para se mesma, ele tinha algo que a seduzia.

Ele a levou em lugares desconhecidos e conversaram por horas. Compartilharam historias, saborearam a deliciosa cesta feita por ele, degustaram um maravilhoso vinho, tiraram fotos do mundo e como prometido a deixou em casa antes de seus pais chegarem.

Divertir os outros, um dos modos mais emocionantes de existir. C. L



Willi Santos

Fotografia a beira mar

Mas o vazio tem o valor e a semelhança do pleno. Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir e somente acreditar que o silêncio que eu creio em mim é a resposta a meu - a meu mistério. C.L.

 

Em um fim de tarde qualquer ela resolveu sair da casa de praia cheia de agrados boêmios e foi caminhar por instantes na areia da praia. Tirou o salto e sentiu o granulado morno a roçar sua pele, seguiu sozinha em direção ao mar e refrescou seus pés descalços na água gelada. Por segundos sentiu-se viva novamente e resolveu sentar ali mesmo na areia. Virou os olhos para o alto e começou a contemplar o céu alaranjado. Quanto mais ela olhava tudo aquilo em sua volta lembrava-se de uma vida que nunca teve e que propriamente não ira mais ter. O ar com cheiro do mar trazia lembranças de alguém que ainda a fazia sofrer e se viu ali a desejar sua presença. As lagrimas caiam e secavam rapidamente com o vento. Vento gélido que a entristecia. Sentiu medo, sentiu frio e raiva. Não aceitava mais ama-lo, não aceitava mantê-lo em mente. Ele não era digno do amor que ela tinha por ele. E fingia tudo. Mas o destino havia reservado para ela uma graciosa surpresa.

De longe o viu com a câmera nas mãos. Ele comtemplava o céu e o mar de uma forma única e registrava tudo como uma criança insana. Por minutos parou para acender seu cigarro fazendo o mesmo que ela, sentou na areia fofa e ficou liberando seu poluente ao vento. Não conseguia tirar os olhos do rapaz, ate que como surpresa ele virou e tirou uma foto sua. Ela fez careta, arregalou os olhos e arqueou a sobrancelha com indignação. Ele levantou e foi cumprimenta-la. “Desculpa pelo atrevimento” ele dizia “ mas não resistir tirar uma foto sua... o modo que olhava o mar era único e senti uma necessidade de registrar”. Ela o encarava com um olhar ríspido e começou admirar o jovem rapaz. Tinha uma barba por fazer, cabelos lisos que sobre caiam ao rosto, alargador na orelha, tatuagens no braço direito e belos olhos verdes. Um rapaz literalmente charmoso, bonito, sedutor e tabagista. Ela não fazia ideia de que aquele fim de tarde a traria duas semanas alegremente inesquecíveis.

Willi Santos

terça-feira, 14 de junho de 2011

Incompreensível apesar de...


Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.Clarice L.


... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi à criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esparrarei quanto tempo for preciso.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Saudade é fome


Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida.

sábado, 28 de maio de 2011


Alcancei afinal o momento em que nada existe. 

Nem um carinho de mim para mim: 

a solidão é esta a do deserto.

 O vento como companhia.

( Clarice Lispector )

Se dar o respeito?

E se me achar esquisita, respeite também. Até eu fui obrigada a me respeitar. Clarice Lispector
Quem nunca ouviu essa frase “quem quer respeito se dar o respeito”. Eu mesma já ouvir varias vesses sendo dita para mim ou para muitos outros, mas nunca a entendi. Essa frase me intriga e fico me perguntando “o que é se dar o respeito?”
Eu sei como respeitar as pessoas. Sei como quero ser respeitada. Sei quando estou e quando não estou sendo respeitada. Agora quando eu me respeito isso eu não sei.
Me questiono se se dar o respeito é ser uma pessoa dita politicamente correta. Sabe aquelas pessoas que não podem fazer nada... Exemplos:
A mulher politicamente correta não grita, não briga, não sai à noite sozinha, não vai pra balada com os amigos, não gostar de beber bebidas alcoólicas, não toma um porre, não vai a um bar, não tem ressaca, não chega em casa bêbada, não tem um coma alcoólico e lembra de tudo no dia seguinte. Não fica com mais de um cara na mesma noite, no mesmo dia, no mesmo mês, no mesmo ano e muito menos desconhecido. Não pega carona com quem não conhece. Não dá perdido nos amigos e vai para um ap de um cara. Não faz sexo casual com um amigo. Não dança com desconhecido e muito menos encima de uma mesa, ou estilo “Im A Slave For You” na chuva. Não pega amigos, não marca um encontro às escuras. Não usa roupas curtas, vestidos justos e muito menos biquíni fio dental. Não faz guerra de pistolas d’água só usando lingerie na piscina.  Não fala palavrões, não faz apostas ridículas. Não fala mal de ninguém. Não é canalha (por que isso é coisa de homem?), pilantra, vigarista e muito menos esperta. Não faz os manés de otarios. Não faz uns playboys pagarem suas bebidas em uma festa para depois da um fora. Não fica com um cara gostando de outro, muito menos namora. Não senta no colo daquele que você namora por que isso não é coisa de menina direita. Não beija na frente dos outros. Não fica com um cara e se ousar ficar, amasso nem pensar. Não mente, não engana e não finge nada. Não comete erros. Não chora escondida. Não diz que gosta de sexo. Não age às escondidas. Não trapaceia ninguém. Não coloca o dedo na cara de ninguém. Não manipula para ter o que quer. Não se humilha pedido para alguém não ir embora da forma mais ridícula. Não diz que ama ainda um cafajeste de outros tempos. Não mata aula por nada. Não esculacha ninguém e monte de outras coisas ditas erradas. 
A pessoa dita politicamente correta é fingida e se “se dar o respeito” é não fazer tudo isso ai, então filhotes eu estou ferrada, pois não me respeito nem um pouco. Mas sabe do que mais eu prefiro continuar assim sem me dar o respeito, pelo menos me sinto viva. Prefiro me indignar com as coisas que acontecem a minha volta do que se preocupar em me respeitar. Pois a obrigação de me respeitar é de vocês sendo eu do jeito que for ou fazendo o que for. Sendo assim respeitada, respeito vocês do jeitinho que são. Willi. S.

Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que imagina que é ruim em você - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse seu único meio de viver. Juro por Deus que, se houvesse um céu, uma pessoa que se sacrificou por covardia ia ser punida e iria para um inferno qualquer. Se é que uma vida morna não é ser punida por essa mesma mornidão. Pegue para você o que lhe pertence, e o que lhe pertence é tudo o que sua vida exige. Parece uma vida amoral. Mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesma. Gostaria mesmo que você me visse e assistisse minha vida sem eu saber. Ver o que pode suceder quando se pactua com a comodidade da alma.

Aceitei


Estranhei tudo. E, por me estranhar, 
vi-me por um instante como sou. 
Gostei ou não? Simplesmente aceitei.


( Clarice Lispector )

ISSO É MUITA SABEDORIA



Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho...o de mais nada fazer.

A desistência é uma revelação

E é inútil procurar encurtar caminho e querer começar já sabendo que a voz diz pouco, já começando por ser despessoal. Pois existe a trajetória, e a trajetória não é apenas um modo de ir. A trajetória somos nós mesmos. Em matéria de viver, nunca se pode chegar antes. A via-crucis não é um descaminho, é a passagem única, não se chega senão através dela e com ela. A insistência é o nosso esforço, a desistência é o prêmio. A este só se chega quando se experimentou o poder de construir, e, apesar do gosto de poder, prefere-se a desistência. A desistência tem que ser uma escolha. Desistir é a escolha mais sagrada de uma vida. Desistir é o verdadeiro instante humano. E só esta, é a glória própria de minha condição. A desistência é uma revelação.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Há Momentos

 


Há momentos na vida em que sentimos tanto
a falta de alguém que o que mais queremos
é tirar esta pessoa de nossos sonhos
e abraçá-la.

Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que se quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes
não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor
das oportunidades que aparecem
em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passam por suas vidas.

O futuro mais brilhante
é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida
quando perdoar os erros
e as decepções do passado.

A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar
duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar
porque um belo dia se morre.

Clarice Lispector