quarta-feira, 14 de novembro de 2012

E até quem me vê lendo o jornal Na fila do pão, sabe que eu te encontrei



Eu encontrei quando não quis
Mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pr'eu merecer
Antes um mês e eu já não sei
 ...
Eu encontrei e quis duvidar
Tanto clichê deve não ser
Você me falou pr'eu não me preocupar
Ter fé e ver coragem no amor
  
Los Hermanos

domingo, 11 de novembro de 2012

MIMIMI MODE ON


" A recordação é o perfume da alma.
É a parte mais delicada e mais suave do coração, que se desprende para abraçar outro coração e segui-lo por toda a parte. "

George Sande

VOCÊ NÃO É ESPECIAL



Você sentou novamente em frente ao computador, abriu o navegador e voltou a desperdiçar seu tempo.
Enquanto continua lendo o texto de um cara que não sabe absolutamente nada sobre o que escreve, não vai adicionar nada à sua cultura, ou mesmo tem alguma influência no assunto, o mundo lá fora pressiona algum outro idiota a fazer o mesmo que você.
Faz alguma ideia da importância

disso? É, imaginei que não, mesmo.
A sua vida é este sonho onde a lucidez é apenas uma ilusão com a qual você alucina nos raros momentos onde para e pensa em alguma coisa que não seja um monte de porcarias aleatórias. Olhos abertos, olhos fechados, dormindo ou acordado, qual a diferença? Você não tem autonomia alguma para decidir nada. Nem mesmo o que, em quem ou como quer pensar.
Enquanto você continua lendo, numa tentativa de encontrar respostas, seus problemas permanecem lá, do mesmo jeito. Sua vida permanece cheia de crises, pendências e uma completa ausência de sentido. “Vazio” é a palavra que descreve tudo. O melhor que consegue fazer para mudar é contratar uma diarista, comprar um sofá e uns tapetes para decorar o apartamento, arranjar uma namorada e levá-la para passear no shopping.
Você não tem coragem sequer de sentir dor. Fica ansiando pela felicidade como uma criança assistindo ao Rei Leão, achando que um dia vai ser rico e substituir seu chefe. Abre o seu navegador n’um site qualquer, esperando que alguém lhe diga como, o que ou quem você deve ser, imaginando a vida de pessoas que pensa serem diferentes de alguma maneira especial. Seres fora do planeta Terra. Exemplos a seguir. É assim que uma pessoa deve realmente deve ser?
Por algum motivo, você é incapaz de admitir que seja um nada, que a sua presença na Terra significa tanto quanto um átomo de um grão de areia na praia. Não tem coragem de imaginar seu próprio caixão com o cadáver do que um dia pensaram ser você, lá dentro. A ideia de ter uma vida finita o amedronta tanto que isto o torna uma vaca dócil no abatedouro.

“Você precisa saber que vai morrer. Não ter medo. Saber que vai morrer.”

Precisa saber que o seu último dia chegará e pode ser daqui a algumas horas. Precisa saber responder, sem hesitar, o que você quer fazer com o pouco tempo que possui. Pintar, bordar, plantar uma árvore, ser uma estrela do rock, não importa. Você precisa saber.
E você espera que eu abra as portas da esperança, traga alguma receita de felicidade ou um passaporte para a ilha da fantasia, sinto muito. Não é sobre felicidade que vim falar. Não vou ensinar como ser mais forte, mais bonito, mais inteligente, ganhar mais dinheiro ou conquistar mais mulheres. Não, nada disso. Tudo o que sei é sobre perda, sofrimento, vício, desilusão, batalhas e, principalmente, derrotas.
Eu digo: pare de lamentar suas derrotas. Pare de sofrer inutilmente. Aprenda a gostar disso. Perceba o sabor do sangue na sua boca quando o soco chega. A falta de ar quando o impacto atinge o seu estômago. A poeira no rosto quando você cai de cara e não sobra mais nada. Note o brilhantismo deste momento. A oportunidade única que chega agora. Ria diante da dor, aproveite para sair do torpor e lembrar, alguma vez, o que é realmente se sentir vivo.
Você nunca será feliz. Nunca terá a vida que deseja. Nunca conseguirá gerar as condições perfeitas para atingir a realização definitiva. Se esperar por isso, a morte vai chegar e não vão subir os créditos, ninguém vai aplaudir e nenhuma luz vai acender. Nada de autógrafos e sucesso. Apenas a cova fria e escura. Parece assustador? Você não sabe onde estive.
Se eu perguntasse quem é você, provavelmente viria cheio de frases prontas. Um monte de besteiras. Músicas que gosta, filmes, lugar onde trabalha, suas mazelas nos relacionamentos, a cidade onde cresceu e as expectativas salariais dos próximos anos. Você não é nada disso.
Se me perguntassem, diria: eu sou o punho de Jack acertando a sua cara. Eu sou o câncer no coração podre de Jack. A profunda amargura que sobrou das decepções de Jack. Sou o sangue, a carne e a mente doentia de Jack. Sou tudo o que você quis ser e não teve coragem.

Eu sou Tyler Durden.
 
 

O fim do dia


Agora mesmo estou dependurando um bebê chorão pelas axilas, como se eu fosse um agente secreto removendo cautelosamente uma bolsa abandonada em algum metrô no centro da cidade. Isso que eles chamam de filho, não é meu. É de dois amigos que largaram nosso tempo de solteiros a fim de formar uma unidade própria de povoação do planeta, como se fosse disso mesmo que o mundo necessita urgentemente: novos bebês-bomba, prestes a explodir sopa de couve no meu colo.

Eles estão "evangélicos" a respeito da coisa, acham realmente que o contato direto com o material talvez possa me servir de inspiração para imitá-los. Com um pouco de esforço, seguro alguma lágrima onírica e nostálgica dos verões em que nos reuníamos nesta mesma sala para tomar Cointreau e discutir a viabilidade de montar uma banda cover de Bob Dylan, com duas backing singers femininas e ruivas, de preferência. Agora não, com uma pequena viagem pela sala, dá pra notar que meus amigos arrumaram uma nova diversão, e tudo gira em torno de partos, mamadeiras, chocalhos e liquidações de fraldas.

Não me sinto tão desconfortável desde a acareação com aquele traficante que me levou a carteira e o carro. Devolvo rapidamente a criança, piso num brinquedo borrachudo que soa um grito estranho e sento novamente no sofá, já preparando um sorriso polido para lidar com tudo o que eles têm a me dizer hoje em dia. Não sei se quero voltar pra casa ou para os Anos 90.

Vocês viram que há uma remasterização com gravações inéditas de "Nevermind" ou a evolução nas pesquisas contra a AIDS? Claro que não. Seus roteiros de vida não mais incluem música e filmes, aparentemente jovens-pais-recém-casados vivem num mundo sem epidemias. Eles passam o tempo todo contando as grandes evoluções do matrimônio desde 1920. Parece que agora homens também cozinham e tiram o lixo, e as mulheres podem sair na rua sem seus maridos. Eles justificam-se o tempo todo, tentam descaradamente convertê-lo, como se você tivesse tomando um ônibus munido de uma notificação judicial por serem praticantes ocultos da monogamia.

Eu sei o que há de errado com essas pessoas. Os casados pensam que suas maldades são invisíveis. Inconscientemente eles sabem que foderam com suas vidas precocemente, e querem você ajudando a carregar a cruz. Não é cômico? As mesmas pessoas que não aguentaram míseros três anos morando sozinhos desde a saída da casa dos pais precisam de você admitindo que tem 30 anos e fracassou por não organizar uma família a tempo. Como se na minha idade todas as lojas que vendem ferramentas estivessem fechadas ou eu já tivesse ultrapassado a época de usar bigode.

Já fiz sandices como berrar nomes de garotas debaixo de chuvas e janelas, já escrevi quilométricas cartas de amor e fiz serenatas ridículas em palcos de karaokês. Mas tenho de confessar. Casar e ter filhos antes de esgotar todas as possibilidades com apenas três décadas vividas é uma verdadeira loucura de amor. Palmas. Você precisa estar muito seguro ou desesperado pra dizer "sim" e deixar todo o resto por isso mesmo.

Mas é no fim do dia que somos honestos com nós mesmos. Não importa se você tem filhos, uma banda, uma bela esposa ou uma lista da Rolling Stone com as melhores canções pra ouvir antes de morrer. Você sempre acerta suas contas com o fim do dia. Hoje voltarei pra casa, para o meu prato solitário na mesa, algum recado de alguém bacana no meu computador, meus seriados na televisão e será só isso. Amanhã, eu já não sei. Meu maior medo é sentir solidão mesmo bem acompanhado. Quando você ainda está procurando seu lugar e já deveria estar sentado sobre ele no exato instante em que alguma coisa dói. É a sensação de estar em busca que me conforta.

Não importa minha idade, minha condição financeira ou civil, se ao meu redor há montes de gente procriando feito ratos no cio. Enquanto meus dias continuarem terminando bem, nada nem ninguém vai me convencer que tomei o caminho errado e que logo logo estarei diante da placa "Viu o que você fez? Agora é tarde". Honestamente? Eu acho que meus amigos só se juntaram para ter um bebê com o exclusivo propósito de me irritar. 

 Gabito Nunes

'Não é falando que encontramos as palavras. É deixando de falar.' Fabrício Carpinejar

"Ele é um menino que não pode acompanhar 
minha louca linha de raciocínio meio poeta
meio neurótica, meio madura."
Tati Bernardi
 

'Porque o que já foi, não espero, não faz falta, nem dá vontade de acreditar de novo. Eu só quero ser, sem estar, sem precisar. Entende?'

 Ju Fuzetto

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Perto


Você fala e eu me recuso a interromper. Quanto mais eu te escuto, com mais vontade eu fico de ouvir você. De encostar em você. De abrasar, beijar, qualquer coisa onde você esteja e isso me deixa constrangida. Eu sei o que eu não deveria fazer. Mas você não deveria existir, não agora. Ressuscita dos mortos e me dar vontade, me dar querências, sem eu ter pedido nada. Mas agora sinto de que eu só preciso de você me dizendo que amanhã ainda vou te achar no mesmo lugar, se por um acaso eu quiser lhe procurar. E se eu procurar, eu preciso saber se eu não estou sendo invasiva. Por que me dá vontade de lhe pendi um colo, assim meio que já. E você não tem obrigação nenhuma, mais depois de me tirar dos meus dias aqui quietinhos, eu meio que lhe crie um apego do nada, ou por culpa sua. Por que sem querer você acabou trazendo coisas que eu já queria e recusava por ai. E isso tudo é tão contraditório na minha cabeça que por agora você demoraria muito a entender, por que, por mais que eu ousasse a tentar explicar eu não conseguiria ficar sem cair num clichê qualquer, pois eu não lhe tenho como algo comum.

Mas eu lhe quero perto. Não sei por que. Mentindo ou não, eu só sei isso. Lhe quero perto.

sábado, 3 de novembro de 2012

Se Enamora


Quando você chega na classe
Nem sabe
Quanta diferença que faz
E às vezes
Faço que não vejo e nem ligo
E finjo, ser distraída demais
Quantas vezes te desenhei
Mas não consigo
Ver o teu sorriso no fim
Te sigo
Caminhando pelo recreio
Quem sabe
Você tropeça em mim
Se enamora
Quem vê você chegar com tantas cores
E vê você passar perto das flores
Parece que elas querem te roubar
Se enamora
Quem vê você chegar com tantos sonhos
E os olhos tão ligados nesses sonhos
Tesouros de um amor que vai chegar
Quando toca o despertador
De manhãzinha
Me levanto e vou me arrumar
E vejo
A felicidade no espelho
Sorrindo
Claro que vou te encontrar
Fico só pensando em você
E juro
Que vou te tirar pra dançar
Um dia
Mas uma canção é tão pouco
Nem cabe
Tudo que eu quero falar
Se enamora
Quem vê você chegar com tantas cores
E vê você passar perto das flores
Parece que elas querem te roubar
Se enamora
Quem vê você chegar com tantos sonhos
E os olhos tão ligados nesses sonhos
Tesouros de um amor que vai chegar
Se enamora
E fica tão difícil
De ir embora
E às vezes escondido
A gente chora
E chora mesmo sem saber porque
Se enamora
A gente de repente
Se enamora
E sente que o amor
Chegou na hora
E agora gosto muito de você