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quinta-feira, 15 de junho de 2017

Devaneio I: Reflexos

Ser humano quando se comete um erro é a pior coisa que se pode ser.



Eu não estou me sentindo a pior pessoa do mundo nesse momento. Cometi um erro e sou capaz de admiti-lo. Também não sei se tudo foi tão erro assim. Metade de mim sente um erro e a outra metade nenhum pouco.

Eu fui ao fundo do poço diversas vezes desde a infância, mas nada disso me fez de coitadinha. Até já decorei o poço algumas vezes. Umas das coisas que eu mais escutei na vida foi “você se faz de vitima”, sendo que eu fui vitima mesmo, diversas vezes. O passado explica muito do que eu sou hoje. Já levei rasteiras da minha família, também no ambiente escolar e no trabalho, sofri mais de um assalto (presenciei outros), fui seguida na rua por tarados (um deles foi meu professor), já sofri ameaças na escola, fui alvo de fofocas, fui alvo de intrigas, já fui acusada inúmeras vezes, ameaçada, coagida, obrigada, xingada, humilhada, maltratada, julgada pela aparência, me desrespeitaram, fui traída, largada, trocada, abandonada, enganada, feita de trouxa, fui usurpada, apalpada, assediada, usada, violada, abusada, estuprada (fora outras tentativas).

Fui traída, descobri, e acabei usando meu refugio(o blog) como grito e exposição. Foi horrível. Esse foi o motivo que me fez parar de escrever por tanto tempo, pois só escrevia coisas feias, péssimas, rancorosas e odiosas.

Semanas atrás escutei de alguém muito importante “você é a pessoa mais forte que eu conheço”( nessa hora me senti tão acolhida e corajosa). E esse erro que eu nem sei se foi tão erro assim foi com está pessoa. Que errou e ainda erra comigo quando age grosseiramente comigo, me esconde coisas, me faz de louca, não me ouve e transforma a maioria das coisas em briga e me culpa por tudo. Sei todo estresse que a pessoa passa, o trabalho difícil que tem, sei que acabamos muitas vezes descontando tudo na pessoa que a gente ama. Mas não estar bem já virou desculpa pra tanto descaso e coisa feia dita  e feita que ele nem percebe.

Sei que erros não são justificáveis, nada que eu sofri justifica tomar atitudes erradas. Mas meu desespero dos dias que se seguem se explica bastante. Eu tento negar, hoje tenho a possibilidade de usufruir de um tratamento especializado, mas depois de uma experiência constrangedora com uma psicóloga que conhecia a fonte do problema que eu fui tentar resolver acabei me sentindo muito pior (descobri no momento), totalmente invadida. Já fui em outros especialistas que falaram do meu excesso de estresse e sobre o transtorno de ansiedade. Eu não gosto de falar sobre, uma vez uma endócrina por não encontrar motivo plausível para meu ganho de peso insistiu na tecla “transtorno de ansiedade” e estafa mental.

Vivo de dores. Meu corpo todo dói, da pele a alma. E muita gente nem faz ideia das crises que tive sozinha escondida no banheiro ou nem percebe como aos poucos venho perdendo o controle de tudo isso.

Meu corpo treme, minha perna direita às vezes falha e acabo caindo feito uma jaca, tenho tendinites, inflamação no nervo ciático, fibromialgia, insônia, déficit de atenção, esqueço muitas coisas com frequência, sono em excesso, tenho dislexia, meu metabolismo ficou lento, quando estou muito aflita tenho dificuldades de respirar, tenho nódulos no seios que preciso fazer biopsia segundo meu medico todos os anos, tenho cistos no útero que aparentemente não é o fim do mundo, mas é um alerta, pois meu corpo sempre desenvolveu outros nódulos e cistos (e isso assusta) e muito deles são frutos de causas emocionais, minha pressão baixa com frequência e eu fico lenta e mole, tenho náuseas quase todos os dias, meu estomago arde muito quando estou preocupada ou assustada, minha circulação sanguínea está ruim (suspeita do anticoncepcional deixar pior), minha imunidade está frequentemente em baixa, pego viroses com frequência, tenho renite, sinusite (nos últimos anos vem até de boa), comer hoje me deixa decepcionada, eu como algo e me arrependo constantemente. Minha aparência hoje me incomoda bastante, estou acima do peso e semana passada meu jeans rasgou na panturrilha por está muito apertado (e não comentei isso com ninguém de tanto constrangimento). Não sinto tanta vontade de me arrumar como antes, estou me esforçando nisso, pois sei que preciso cuidar de mim em todas as esferas, mas não está sendo fácil.

Ainda não sou independente financeiramente. O que me causa grande angustia. Meu companheiro fez um grande esforço para que tivéssemos um imóvel, falava constantemente dos planos que tinha para o nosso futuro. Sei da dificuldade financeira que está, mas ver ele da pra trás de tudo me deixou demasiadamente triste e insegura. Todo mundo me ver como uma pessoa ingrata, ninguém ver o quanto eu sou grata por tudo e sou considerada injusta.

É isso que eu sou hoje, minha mente e meu corpo são reflexos do acumulo de coisas que me aconteceram ao longo da vida. Sou um poço de reclamações, de magoas, de queixas. Eu choro muitas vezes por não conseguir confiar na pessoa que eu escolhi pra compartilhar a vida. Hoje não consigo confiar em nenhuma criatura viva da terra. Desde criança sou desconfiada, mas isso já se tornou um problema na fase adulta.

Meu ginecologista no dia 01 deste mês de junho ao final da consulta me pediu licença pra falar de outros assuntos. Ele me contou que era espirita, me explicou algumas coisas (já conheço o espiritismo, pois meu pai já foi). Me alertou sobre o numero de problemas de saúde que estou enfrentando (desde janeiro estou com candidíase recorrente), devido o desequilíbrio do meu organismo e causa disso tudo é do desequilíbrio emocional. Me falou sobre algo que está perto de mim a muito tempo que não me faz bem e por vai. Me recomendou algumas coisas, quando sai da clinica as lagrimas vieram. Meu medico ali, que não sabia nada da minha vida pessoal, me enxergou um pouco. Viu o grito de socorro que eu dou em silencio todos os dias.

Não tenho religião, quem me acompanhava aqui deve saber disso. Mas sempre fui interessada e apegada a Deus. Ouvir muito por ai que tudo isso que eu passo é falta de Deus e eu digo algo com muita convicção que se não fosse Deus eu não estaria aqui. Já tive pensamentos degradantes, já me senti o lixo, o resto, fui deixada de lado, desprezada e já pensei que sumir ou morrer seria a solução e sei muito bem que não é essa a solução e dou Graças a Deus por isso. Segundo algumas doutrinas, eu estou passando o que eu preciso passar e com o passar dos anos eu aprendi a aceitar isso. Que preciso aprender algo e tudo está nas mãos de Deus.

Não aceito que tenho que sofrer, mas entendo que tudo isso de algum modo faz parte da minha evolução. Não sou a única pessoa com problemas, sofrimentos e traumas na vida. Mas aprendi a não desmerecer meus sentimentos com muitos fizeram e ainda fazem.

Respondendo a pergunta que me enviaram aqui na postagem “Saco de magoas”, eu estou vivendo. Minhas dores são diversas, cada uma com sua natureza. Outras cicatrizadas, outras em processo de cicatrização, umas sofreram mutações, se transformarão em outras dores diferentes, algumas esquecidas, guardadas no porão. E o que eu faço, vou vivendo, vou tentando com dor e tudo, com medo e tudo, com crise e tudo, com desespero e tudo, sem folego, sem ombro às vezes, sem companhia, com companhia, com choro, com risada, com estudo, com trabalho, com resmungo eu vou indo com esperança que uma hora tudo isso vai melhorar. O mundo não para pra ajudar a gente parar de sofrer. Tudo que a gente quer é colo. É muitas vezes continuar naquela procrastinação atraso de vida em posição fetal enrolada na cama por que o corpo dói inteiro como se tivesse acabado de pegar uma gripe violenta.

Não é nada fácil encarar isso. É muito difícil e assustador mesmo, me sinto privilegiada por que sei que muita gente não aguenta essa pressão toda. Tem que buscar a força lá do fundo e chorar até não ter mais nenhuma lágrima. Nunca cheguei pra alguém e disse: ei, eu tenho transtorno de ansiedade. As pessoas me criticam por que eu tenho trauma alimentar com leite. Sou chamada de fresca por que sinto vontade de vomitar só de pensar nele(como agora). Sou chamada de doida. Dizem que invento as coisas. Minha irmã e meus pais sempre disseram que eu invento doença pra dar de tadinha, chamar atenção ou eu fiz algo muito errado pra ter tal coisa. Ou escuto: resolva-se sozinha, procure tratamento.

Gente isso não é fácil e simples assim. Tem horas que eu me sinto como se estivem morrendo por dentro. O corpo nem reage. Às vezes o desespero é tão grande pra confiar tudo isso a alguém que tudo desaba. Começo a falar e logo vem a frustação, porque cada um tem seus problemas. Quem em sã consciência quer um problemão desse na vida (e olha que com essa bosta toda eu me fiz um mulherão da porra).

Pra se sentir a trouxa completa, sou ainda do tipo de pessoa que acolhe os problemas alheios e transformo em problema nosso. Sou sensível demais, tenho empatia demais e me ferro ainda mais. Ainda sou esculachada por isso (e outras coisas). Não sei explicar direito, mas é que me incomodo com o mal estar alheio por saber tanto como tudo dói. Em tudo quero ajudar.

Vivo assim, ansiosa, com medo, apavorada e tensa o tempo inteiro. Minha cabeça não para de pensar. Sinto raiva e ódio constantemente. Estou sempre irritada. Me incomodam fácil, principalmente com quem faz algo errado perto de mim. Me sinto cansada o tempo todo, desanimo o tempo inteiro. Todo instante penso que estou sendo traída. Penso sempre que estão mentindo pra mim. Sempre espero uma nova apunhalada pelas costas. Ando tensa na rua com medo que me façam algum mau. Minha mente idealiza meus desejos e eu me frustro toda hora. Vontade de fazer tudo da certo e ao mesmo tempo vontade de fazer nada. Briga constante com o ego. Dualidades em guerra a todo instante. Eu que acredito tanto no Bem de Deus, acredito no mal que nos ronda. Tem horas que fica uma voz me martelando o tempo inteiro “tá acontecendo tal coisa” e geralmente está, e geralmente tão coisa nunca é boa.

E sobre ser sensível demais. Eu sou sensível demais ao ponto de ao longo desses 28 anos ter visto coisas acontecerem sem eu estar em tal lugar. A última vez que isso me aconteceu foi tão assustador pra mim que pedi tanto pra não ver mais nada que nunca mais vi. Sei que um dia vou ter que encarar esse fato em mim e ver o que posso fazer de bom com isso, mas por enquanto eu sei também que não é o momento.

É isso, eu estou aqui, voltando de algum modo, depois de uma confusão desastrosa. Que nem sei ao certo. Meus anticorpos mentais me alertam o tempo todo de coisas ruins e que eu fico torcendo pra que eu esteja enganada. E eu sei que isso foi devido aos traumas que eu tive, é meu corpo tentando me proteger. É horrível se ver traído, feito de trouxa, enganada, humilhada, ouvir mentiras. Até o coração se atrapalha, pois sabe a dor que é. O medo constante de sofrer tudo isso de novo, faz a gente sofrer com isso todo instante e causa sofrimento em outras pessoas também. Causa confusão, brigas, desgastes. Sei que eu não posso jogar esse peso todo que eu sou em outra pessoa, ainda mais alguém que eu ame tanto. O outro tem que ser tão forte quanto, ser tão responsável quanto e entender o quanto tudo isso é difícil pra poder ficar.

Estou aqui de novo, por que ainda me encontro incompreendida, acumulada de um caos, cheia de medos e receios. Mas acima de tudo esperançosa, com Fé, com Deus e acreditando que coisas boas estão por vim, que nessas giradas do mundo o jogo vai mudar ao meu favor e de quem está junto comigo e vamos conquistar as maravilhas que Deus tem pra nos dar.

Williane Santos


PS.: EU SOU MUITO GRATA POR TUDO QUE CONSEGUI ATÉ HOJE E VALORIZO TUDO POR TUDO TER SIDO TÃO DIFÍCIL. SOU GRATA TAMBÉM POR QUEM ESTÁ AO MEU LADO, MESMO NÃO SENDO PERFEITO E NÃO ME COMPREENDENDO MUITAS VEZES, EU SEI TUDO, TUDO MESMO QUE FEZ E FAZ POR MIM, MAS POR FAVOR ENTENDA MEUS MEDOS, EU PRECISO DISSO. EU QUERO COFIAR EM VOCÊ E PRECISO DA SUA AJUDA NISSO!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

E por momentos foi assim


... eu deitada na tua cama, exausta, tremendo, recuperando o folego, molhada do teu suor, do teu desejo, do teu carinho. Teu cheiro impregnadopor todo meu corpo, o amor marcado na cama. Eu ficava ali deitada com a perna dobrada, meio coberta pelo lençol, com os cabelos caídos sobre rosto te esperava sair do banho. Você vinha e sacudia toda água em cima de mim, deitava nas minhas costas, me beijava a nuca, me falava em sussurros aos ouvidos, me abraçava e me virava me enchendo dos teus beijos, dizendo o quanto era bom ficar assim, só nós dois e mais ninguém, nada para nos incomodar. Me pedia para deitar no teu peito, eu colocava minha perna sobre a tua e respirávamos tranquilos felizes, falávamos besteiras ate cair no sono e dormíamos juntinhos, bem abraçadinhos. Naquele quarto só era eu, você e o nosso amor!

Williane Santos

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Das coisas que se faz sem entender


Sabe quando você já foi muito longe para desistir de algo e desisti? Sabe aquelas coisas que enchemos a boca pra dizer que nunca fazemos? Pois é, quase fiz todas. Sempre me permitir sentir o arrependimento daquilo que fiz, mas ultimamente venho me arrependendo do que não fiz.  Me disse varias vezes que não sou menininha irritante e estou sendo, disse que não choraria por ninguém e estou chorando, disse que não me deixaria enganar e deixei, disse que jamais me permitiria iludir e corri atrás das ilusões. Ultimamente não me sinto uma mulher, mais uma menina de 15 anos choramingando. Me pergunto se foi por não ter permito a mim esse direito de ser adolescente quando eu era, e acabei acumulando tudo, onde agora cheguei ao ponto de explodir para todos os lados.
Quebrei minhas próprias regras, fiz coisas que não queria fazer e fui quem eu não sou. Lembro agora de pessoas que disse esquecer, minto para eu mesma no único sentido de encontrar quem eu sou. Dei as costas para o passado, porque lembrar de tudo me deixa triste. Todos me escutaram em alto e bom som que por amor jamais iria chorar e agora a ausência dele é a única coisa que me traz lágrimas. Tentei acreditar em um mundo onde arrependimento é para fracos e que promessas podem ser cumpridas. Mente conturbada isso não existe! O mundo é feito de caos e mutações e como faço parte dele tenho que seguir o ritmo das suas rotações. Mas é isso que me deixa confusa. Estranho não, a visão de todos é que sou a pessoa mais decidida da face da terra. Tem gente que tenta até se espelhar em mim. Aviso “não faça isso”.
Ultimamente venho tentando esquecer um certo amor  em mente, mas quanto mais eu tento esquece-lo mais eu cravo no peito tudo que sinto.  Tento pensar que outros homens e não moleques irão passar na minha vida, mas quem eu quero enganar, não sou assim, não me conformo com esses vai e vem de relacionamentos. Hoje você estar com um, amanhã acorda com outro, quando ver tem outro ligando pra você e para melhorar você já estar beijando mais um outro fulano em outro dia.
Sinto que nasci na época errada, namorar por namorar nunca foi comigo, nunca quis me sentir passada de mão em mão, mais é assim que me sinto às vezes e é assim que querem me ver. Não acho que ficar com um a cada dia, ter vários amores e trair sãos coisas normais. Quero uma pessoa só pra mim. Que divida tudo comigo, que seja real, que não seja minha metade, mas que chegue inteiro pra mim. Quero ser de uma pessoa só.
Uma vez li em livro que dizia que quando você pensa em novos amores não se ama mais quem ama. Quase acreditei nisso. Mas não, tento acreditar em novos amores para suprir um que sinto e me machuca. Não culpo ele por isto, mas só a me por permitir me abalar. Me martirizo por não lutar por um amor infantil e passageiro só porque crie uma regra idiota para isso. Descobri nos últimos tempos  que não a nada de mais triste do que um amor não correspondido e que pior ainda é sentir que o tal amor nem sequer teve uma chance de mostrar a força que realmente tinha. Se é que teve força alguma vez, mas acreditei que tinha. Me sinto ridícula a cada momento e me pergunto para que deste blog, para que escrevo, para que escancaro tudo se sempre gostei de esconder, por que eu procuro na rua o rosto de alguém que sumiu da minha vida sem deixar nenhum rastro. Me pergunto pra que disso Williane?

E no meio dos meus Devaneios

Cada um tem de mim exatamente o que cativou. Certo. Então eu pergunto o que foi que cativei para você?

 
Eu sei que parece clichê e é fácil demais falar quando não se vive algo. Mas tenho aprendido a me valorizar cada dia mais, e ver a beleza que desde sempre exala em mim. Quando percebi meu potencial como pessoa, como amiga e como um monte de outras coisas passei a me sentir mais feliz. Sei que meu jeito é assim mesmo faladeira, inquieto e ansioso. Melhor sou uma pessoa que quica e que geme a todo instante. Mas são essas pequenas maluquices que me torna eu mesma, assim cada pessoa com seus encantos! Então vi que não faz sentido criar sentimentos ruins encima de alguém só porque este não fez aquilo que agente esperava. Apesar de saber disto desde sempre. É coisa de gente doida. Ou coisa de gente que senti demais tudo. Assim intensa, atrapalhada, desajeitada, mas cautelosa com muitas coisas. Não sei explicar sobre mim direito. Então olha só, desculpa a quem ousei a ofender. Desculpa se eu lhe diminuir alguma vez. Se critiquei algo que fez, se o julguei ou compreendi de maneira errada. Ou se procurei algo querendo tirar uma conclusão ou sei lá o que. Desculpa tá. Mas só quero que entenda que sou maluca mesmo. Gostando ou não eu sou assim. Uma lerda agradável.

Acho que a minha melhor escolha desse ano, foi me deixar impressionar pelo que as pessoas têm de bom e ruim! 

Willi S.

Devaneios da Minha Alma


Hoje mais que nunca preciso de um tempo para balanço de vida. Dizem que isso é coisa de libriano que tem sempre um senso de justiça. Deve ser isso, pois minha balança agora só pena para um lado. E desculpa a mim mesma, mas preciso de equilíbrio com certa urgência. Sinto muito, mas aquilo que desejava a vida não me deixa agarrar. Ela não me permite aplicar os meus planos e nem se importa com o que estou a sentir.

Sei que sou mera mortal no final desta dor. Também sei que se o meu caminho for realmente este, que devo enche-lo de luz e percorrer todos os lugares que permaneço deixando ausente de mim! Peço um tempo para me salvar de mim mesma e para parar de viver o perigo que eu nunca quis.

Um vazio na alma destrói um pequeno lugar que restou no meu coração. Ao certo, não sei quem sou e, desconheço a distância entre a minha voz e o viver. Vivo agora em um tormento que me abraça e que gosta de (con)viver em mim como se eu fosse um abrigo. Acompanho o escurecer em busca dos brilhos do mundo tentando percorrer a cidade sozinha. Mas do aqui adianta, no fim do caminho sempre acabo aqui, quebrada em mil pedaços, num chão que se abre e me aspira com a tristeza.

Sempre perdida em um labirinto sem fim, com a cabeça quebrada como um quebra-cabeça infantil que nenhuma pesa se encaixa. Uns dias estou a planar sobre ele, em outros momentos escondida no seu interior e quando me deixo tocar pelo seu Minotauro deixo de ser aquilo que o medo fechou. Ele poderia ser um chão que me agarra, ou outra margem de mim! Poderia ser esta noite quente aparentemente fria. Poderia ser você e eu a descobrir a vida. Mas não é.

Como num caso de esquizofrenia sinto os teus passos, pressinto os teus gestos, vejo os teus sonhos perdidos. E hoje, mais do que outra noite e outro dia, há algo que me fere e me faz querer tê-lo aqui. Não importa se fores breve como a loucura, oscilante e que passes as fronteiras. Não importa se tudo se for, numa gota só! Eu sei, que já fiz tremer o seu mundo. E não importa que tudo seja breve como o sopro do vento!

Mas do que adianta mentir para alma, se ela não quer algo passageiro. A alma grita por algo permanente que tatue a pele, penetre no peito e crave na alma de maneira eterna.

Espero-te sempre, ao fim do dia, cansada. Sempre no mesmo desfecho. A alma precisa de alguém para me sorrir. Mas no pensamento, és o meu pequeno abrigo. Que fim de dia é tão frio, apressado e cheio de olhares perdidos à procura do futuro. O tempo endurece qualquer armadura e ergue muralhas. Que não cria pontes. Que não deixam partir nem deixam chegar!

Sinto-me só, desfeita, indefesa com o olhar vazio. Cansada, mas com ternura feito pena de anjo. No topo da escada vejo longe, vejo a ponte, vejo o céu que muda entre o inicio e o fim. Ao fundo, vejo casas velhas, telhados sujos, a lua acesa e espero no tempo, algum sinal teu!

Quem sabe um dia a vida acerta, naquilo que me prometeu quando me viu nascer! Mas por agora só faço do horizonte uma viagem longínqua que faço sem me mover, onde me possa perder.

O peso dos dias torna-se insuportável no meu coração que mais parece uma folha de papel, um caderno velho rabiscado e um jogar na tela.

Minha dor é apenas um livro estrangeiro que se traduz  nas minhas lágrimas que percorrem o rosto gelado pelo vento. Não sei como evitar esta fragilidade que me faz parar no tempo e tudo em mim se precipita. Não sei como controlar a mente conturbada em uma guerra, em um caos permanente na lei murfy. A vida desgarra-me os sentidos e não me oferece um canto para ficar longe desta guerra que me domina!

Agora entretanto, permito que por enquanto que a vida me magoe, permito-me estes deslizes, permito-me pequenos devaneios de uma alma com fome de sentir.

Williane S.