quinta-feira, 14 de julho de 2011

Adeus


Não sei dizer adeus. É muito ruim ter que partir e deixar alguém que você gostaria que continuasse ao seu lado. Despedidas nunca são fáceis. Nunca fui boa com elas. Sempre tentando adiá-las, sempre demorando. Dizem que quem muito se despede não deseja ir. A vontade é mesmo ficar. Não ser passado, não ser só lembrança. Memórias, por mais vivas que sejam, não tem calor, não permitem o toque, não deixam sentir o gosto. Gosto que procuro desesperadamente e não encontro em nada mais. Você ainda sente? Ainda lembra? Ainda é bom? Me dá só mais um minuto, um último beijo, um último abraço, um último sorriso. O que é bom devia ter fim? Se não é bom, porque tanta saudade? Porque esse vazio que nada preenche? E todos os sonhos, os planos e desejos? Como ficam? Sofrem um aborto, um parto prematuro. E partem pra onde? O que não presta não se despede, não precisa de permissão pra partir. Despedidas são uma maneira de tentar adiar o fim de algo que não devia acabar, de evitar ao máximo o ‘adeus’ – essa palavra mágica que faz as coisas subitamente desaparecerem e se debaterem vivas dentro de nós, limitadas por um tempo que não nos bastou...


“Sabe, eu acho que não sei fechar ciclos, colocar pontos finais. Comigo são sempre vírgulas, aspas, reticências. Eu vou gostando, eu vou cuidando, eu vou desculpando, eu vou superando, eu vou compreendendo, eu vou relevando, eu vou… e continuo indo, assim, desse jeito, sem virar páginas, sem colocar pontos.”
Caio Fernando Abreu
Fonte: blog Menina Paradoxo (Isabela Teixeira)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você lê e sofre. Você lê e sorri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê, e sua vida vai se misturando no que está sendo lido. Caio F. Abreu