segunda-feira, 10 de março de 2014

Devaneio I - Momento de Recolhimento



Depois de ser deixada naquele banco eu senti que a minha sina seria sempre essa, a de ser abandonada. E voltei mais uma vez para casa machucada, me sentindo boba e bem usada. Sem nenhum controle eu não segurava lagrima nenhuma e percebi que lagrimas não são bem aceitas e podem afastar ainda mais as pessoas. E que elas não estão tão a vontades de lhe ajudar de verdade. Vi que não importa você ser o que é. Que não importa o qual tão boa você seja, isso não sustenta nada se você não for boa para se mesmo e se outrem não esteja bem para você também e muitos menos para ele.

Quando desci daquele ônibus na rua vazia olhei para o céu e que coincidência cruel, eu falei bem alto “Meu Deus o que faço?”. – É o que moças certinhas falam quando tudo dá errado, certo?!?

Entrei em casa me empurrado direto ao quarto e desabei. Chorei e depois discutir por estar com os olhos inchados. Dormi, acordei, pensei, dormir mal de novo, acordei de novo e o dia foi de pura melancolia. Choro atrás de choro. Mais ali em meio aos choros eu percebi que eu estava sofrendo por mim, por ter se deixado chegar naquela situação, chorava por ser dependente emocional de alguém, chorava por que não aguentava mais sofrer, porque não aguentava mais ficar perdida. E ai eu pensei, chorar por mais vontade que eu esteja não dar mais. E disse: vou resistir o máximo que puder, e quando não puder não vou me culpar, mais vou me esforçar para imediatamente parar. Vou procurar um jeito para melhorar e vou conseguir melhorar. Eu aceito este momento. Chega de auto piedade.

Rezei, orei. Pedi a Deus que me desse à força para que aceitasse este momento, e a possibilidade de evoluir. Por que eu já sabia há tempos quais eram os pontos que me doíam e me estagnavam e que precisavam de cuidados e eu por imprudência fui deixando passar. E foi ai que eu entendi o momento, que eu devo fazer isso agora, que eu precisava sair do circulo vicioso. E sair. Deixei de andar em círculos.

Eu não quero fugir. Eu não quero sumir. Eu quero viver. Eu quero aprender a me salvar das minhas sombras. Dos meus maus, demônios, medos, que seja. Me salvar da auto sabotagem, do pessimismo, do marasmo... – Por que eu sou tão especial e tão importante pra mim. Por que eu ainda tenho tanta coisa para fazer nesse mundo. E ai notei que eu faria tudo por mim. Que salvaria minha vida quantas vezes fosse preciso. Que não me jogaria do penhasco. Que iria procurar a luz sempre no meio do escuro.

Ai, parei e respirei. Me vi de cabeça para baixo latejando de dor. Tudo bagunçado. Um emanharado de nós. Levantei e tracei uma linha imaginaria e meditei: saia da curva e siga em frente.

Aquele momento que você aceita as coisas como estão dá um prévio alivio. Ai eu notei que passei tanto tempo me doando que agora preciso preencher meus pedacinhos. Que não preciso de ninguém para isso. Por que eu acreditei que poderia chorar do lado de alguém de novo e só ai eu percebi que não dava mais para ficar chorando em lugar algum. Que chorar me fazia andar em círculos.

Ai você pensa, chegou a hora de começar culpar alguém, por que quem ama, quem gosta ou quem sabe lá o que faz das tripas o coração para que tudo der certo, vai até o fim e não desiste... bom eu não sei.

Mais eu pesei: e se fosse eu, faria o mesmo. Pra que ficar com alguém só por ficar? – Achei até ato de gente de coragem. Mas não vou eximir dos erros, mais não vou aponta-los por que não me convém e cada um sabe o seu.

Um dos meus poemas preferidos é Receita de Mulher de Vinicius de Morais. Pra mim ele é a personificação da idealização. Todo mundo tem sua receita. Todo mundo se choca quando o outro não é tudo aquilo que você se deu o trabalho de imaginar. E a culpa do outro não ser o que você quer é só sua. Não se pode sair jogando a frustação em quem não tem nada a ver com seu ego imaturo.

Voltando no tempo, precisamente no pior dia da minha vida, quando ele me olhou de cima e disse: o mundo é injusto e isso foi para você aprender que ninguém presta...

Por que eu quis voltar no tempo? Para que fique claro que eu não me esqueço desse dia. E que é esse dia que me faz lembrar de que não posso culpar outras pessoas, que não posso confiar completamente, mas que não posso perder a fé nas pessoas.

Por conta disso vou concordar com a parte de que não acho justo comigo ficar sofrendo. E sendo estranho ou não eu agradeço. Agradeço por que eu precisava que você apontasse meus pontos de fragilidade e de dor para torna-los forte. Por que isto é uma responsabilidade minha.

Nisso lembrei do que disse Nicholas Sparks (terminei em enfim de ler Diário de uma Paixão ): "Finalmente entendi o que significa o verdadeiro amor. Amor quer dizer que você se importa mais com a felicidade da outra pessoa do que a sua própria.”

Eu só desejo o melhor. Rezo para que fique bem. Eu sempre estarei quando precisar. Só não agora. Eu preciso do meu tempo, que por sinal já foi atropelado e agora não deixo mais.

Então por amor maior a mim estou desistindo. E desistir em alguns raros momentos se torna um ato de coragem.

- Eu desisto do choro, da carência, da falta de amor próprio, do vazio, da culpa, do apego emocional, da imaturidade, da disponibilidade, da omissão, dos arrependimentos.

Por que eu não parei com o que me fazia mal antes? – Porque tem momentos que não valem a nossa dor. Tem momentos que nós pedem mais força e lealdade com o que deve ser feito. E eu queria sorrir, eu queria ver outro sorriso e por isso eu engoli situações, passei por cima de erros e fingir até que acreditei por que eu tinha sempre esperança que com o tempo tudo se arrumaria e me enganei. Eu estava pensando errado, que sem alguém eu não poderia me sentir bem.

Por isso eu aceito esse momento para ficar bem. Para ser melhor para os outros e para o mundo. E escolho ficar aqui e encarar o agora. Deixando o que passou como lição e o futuro lá no lugar dele, pois não tenho maquina do tempo pra ficar viajando com mais noías por ai.

Não julgo as escolhas de ninguém. Não sou o Juiz maior. Livre arbítrio estar ai, para cada um decidir onde quer estar.  Para preencher as necessidades que te dar prazer e priorizar aquilo lhe tem maior valor.

Aquele sentimento maior, não mudou de ontem pra hoje. Nem faço ideia se vai mudar. Mais tenho que cuidar do meu coração machucado. E quer a verdade? – No amor não vale tudo. Não vale ficar se culpando. Não vale ficar insistindo no que estar errado e por ai vai.

É muito ingrato se colocar como vitima. Se vitimar é a infantilidade de querer que o outro sinta tudo que você estar sentindo. E isso não tem nada a ver com empatia e compreensão.

Às vezes eu me pergunto se já fiz alguém sofrer, ou se alguém sofreu por minha causa. E não faço ideia. Também não sei se me sentiria mal por isso se soubesse.

Agora do que adianta falar que se sente pior ao ver o mal causado, se isso não faz a real mudança? – Existem tantas alternativas de cuidar da própria fragilidade. Não é tão difícil quanto pareci. Difícil é saber qual é o problema e se conformar a viver o incômodo para sempre.

Aquela velha máxima de que o que não tem jeito remediado estar não se adequa a tudo. Há possibilidades e soluções para se resolver uma tormenta. Não se deve se acomodar aquilo que atrapalha a própria felicidade, se aceitar como é não significa que você deve estagnar nas suas limitações.

A petrificação da ideia de que cada um sabe o que é melhor para si, tenho como errada. Ao menos para mim. São poucas as coisas que eu sei que me fazem bem ou mal. E não é porque todo mundo sofre nessa vida  que se deve desacreditar.

Cada um enxerga a sua própria verdade. Eu sei. Só que a mente quando sai do eixo por falta de segurança emocional é como uma lupa quebrada. Aumenta tudo de forma errada. Faz agir como se fosse à razão. Troca o que é bom por algo ruim. E faz a pessoa ficar perdida no mundo interno e posteriormente no externo.

Só agente tem acesso as nossas emoções. Ninguém vai sentir por nós. Então por que não dividir, procurar ajuda? – Por que existe um medo do que o outro vai pensar. Simples.

Eu mesmo sempre tive esse problema da introspecção. De me isolar. De não procurar ajuda nos outros quando há insatisfação  e confusão dentro de mim. E por medo permaneci calando as minhas necessidades. Acabei faltando comigo mesmo. Faltei abri a boca e me expor. Não adianta esconder os problemas, uma hora a bola de neve vai parar na sua frente e você vai ter que faze-la derreter.

Existe essa mania interna de não admitir imperfeições. E eu me perguntava como é que alguém vai gostar de mim, ou continuar, o que seja. Se eu já não estou conseguindo mais ser quem eu sou, por estar amedrontada .

Dentro de nós existe essa dualidade, do que somos e o que queremos ser.  Para nós sempre existe algo que deve ser mostrado e há tudo aquilo que deve ser escondido. E isso é de uma grande bobagem, eu sei.

Só que não dar pra ficar fingindo a vida toda que estar bem. Fazer alguém sofrer não é pecado. Mais seguir a vida com um nó na garganta que uma hora vai fazer sofrer e que não pode fazer nada por isso, isso sim é um erro, um pecado.

Com quantas coisas você se apega para suprir as suas insatisfações? Um curso, pessoas, um programa de tv, aquela velha musica, um celular, as redes sociais, caçando coisas engraçadas pra tentar sorrir, um lugar, uma lembrança...

Acho que foi por isso que a Martha Medeiros disse que "Não importa a idade que temos, há sempre um momento em que é preciso chamar um adulto."

Quando agente estar sozinho a gente não precisar lhe dar com uma serie de coisas do mundo dos que estão juntos e que quando estamos juntos não precisamos viver uma serie de coisas do mundo de quem estar sozinho. Agente nunca consegue ter a tranquilidade de ambas as coisas.

Mas eu também sei que a melhor pessoa para cuidar de mim, sou eu mesmo. Já estou conseguindo relaxar quanto a isso. – Não estou cem por cento, mais os números estão subindo aos poucos. Estou bem melhor que ontem e é isso que importa. Meu bem estar pessoal. Conquistar minha segurança emocional.

Ainda estou com dificuldade por que é muito difícil abrir mão dos sentimentos que nós temos, e dos momentos em que todos eles se concretizaram. Principalmente quando os momentos foram simples.

Mais sei que aceitar as falhas e procurar corrigi-las é o melhor que posso fazer por mim. Não consigo ser essa inteireza de ser forte e integra em tudo que faço ainda. Às vezes me falta verdade e ar ao mesmo tempo. Me sinto ameaçada e inseguro. Frágil igual a um bibelô.

Mesmo existindo alguém que eu confie para conversar. E eu digo que ela estar sendo de uma grande amizade e ajuda. Eu não posso sobrecarregar ninguém com meus problemas. Eu tenho que procurar soluções alternativas. Ninguém tem que sair tirando setas do bolso para me entregar um caminho talvez seja certo. Eu preciso tomar minhas próprias rédeas e procurar soluções.

Quando as coisas são do bem Deus conspira ao favor. E quando o pedido é puro Ele ajuda. Faz a gente enxergar, abre a mente e faz a gente encontrar por acaso o melhor para gente.

Ele me fez enxergar que fui me deixando de lado a cada momento que eu me doava. Que fui deixando de cuidar de mim e empurrando com abarriga as minhas necessidades.

Me doar nunca foi o erro, meu erro foi não estar no meu espaço. Fazendo as minhas coisas. Preservar minha individualidade. Foi ai que percebi como é que eu posso querer ter alguém, se eu não me tenho primeiro.

Nessa procura de melhorar achei vídeos bem legais da Flavia Melissa. A mulher parece uma louca viajada que fala devaneando e por isso que me identifiquei, mesmo não tendo estudado nem um por cento de tudo que ela estudou eu conseguir sentir, ela me fez pensar. E a cada palavra louca dela fui conseguindo separar com calma cada problemática.  

E ainda estou aqui buscado, me buscando, me achando de novo em textos alheios, nas doutrinas Espiritas e nós vários ensinamentos do bem que existem espalhados por ai para nos ajudar.

Em um dos vídeos a Flavia falou sobre Mito do nascimento do amor segundo a mitologia grega. Que diz que: Amor na verdade, vem do encontro entre a necessidade e a possibilidade.

- O quanto você vem gerando de possibilidades para que suas necessidades sejam satisfeitas?

Não consigo perder as esperanças do bom que estar por vim. Eu que já sofri por dores bem maiores em outros tempos, aprendi ser otimismo de tanto que já fui pessimismo. E se eu consegui reverter isso aprendendo por aqui e ai. Por que não aprender mais do resto que por agora preciso?

O amor li em algum lugar, que é uma vontade que não se sacia. E em outro que amor era determinação. E eu estou determinada em mim e com Fé de que tudo vai melhorar. Por que eu quero, porque eu preciso de mim.

Todos nós vivemos no chamado “campo das possibilidades infinitas”. Não se negue a isso, viva as suas!

 Williane Santos

                                                               À medida que o vento sopra sobre o gelo, derrete-o, fazendo fluir a água que se encontrava estagnada.

Ensinamento I Ching.




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Você lê e sofre. Você lê e sorri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê, e sua vida vai se misturando no que está sendo lido. Caio F. Abreu