Depois de ser deixada naquele
banco eu senti que a minha sina seria sempre essa, a de ser abandonada. E voltei
mais uma vez para casa machucada, me sentindo boba e bem usada. Sem nenhum
controle eu não segurava lagrima nenhuma e percebi que lagrimas não são bem
aceitas e podem afastar ainda mais as pessoas. E que elas não estão tão a
vontades de lhe ajudar de verdade. Vi que não importa você ser o que é. Que não
importa o qual tão boa você seja, isso não sustenta nada se você não for boa
para se mesmo e se outrem não esteja bem para você também e muitos menos para ele.
Quando desci daquele ônibus na
rua vazia olhei para o céu e que coincidência cruel, eu falei bem alto “Meu
Deus o que faço?”. – É o que moças certinhas falam quando tudo dá errado,
certo?!?
Entrei em casa me empurrado
direto ao quarto e desabei. Chorei e depois discutir por estar com os olhos
inchados. Dormi, acordei, pensei, dormir mal de novo, acordei de novo e o dia
foi de pura melancolia. Choro atrás de choro. Mais ali em meio aos choros eu
percebi que eu estava sofrendo por mim, por ter se deixado chegar naquela
situação, chorava por ser dependente emocional de alguém, chorava por que não
aguentava mais sofrer, porque não aguentava mais ficar perdida. E ai eu pensei,
chorar por mais vontade que eu esteja não dar mais. E disse: vou resistir o máximo que puder, e quando
não puder não vou me culpar, mais vou me esforçar para imediatamente parar. Vou
procurar um jeito para melhorar e vou conseguir melhorar. Eu aceito este momento.
Chega de auto piedade.
Rezei, orei. Pedi a Deus que me
desse à força para que aceitasse este momento, e a possibilidade de evoluir. Por
que eu já sabia há tempos quais eram os pontos que me doíam e me estagnavam e
que precisavam de cuidados e eu por imprudência fui deixando passar. E foi ai
que eu entendi o momento, que eu devo fazer isso agora, que eu precisava sair
do circulo vicioso. E sair. Deixei de andar em círculos.
Eu não quero fugir. Eu não quero
sumir. Eu quero viver. Eu quero aprender a me salvar das minhas sombras. Dos meus
maus, demônios, medos, que seja. Me salvar da auto sabotagem, do pessimismo, do
marasmo... – Por que eu sou tão especial e tão importante pra mim. Por que eu
ainda tenho tanta coisa para fazer nesse mundo. E ai notei que eu faria tudo
por mim. Que salvaria minha vida quantas vezes fosse preciso. Que não me
jogaria do penhasco. Que iria procurar a luz sempre no meio do escuro.
Ai, parei e respirei. Me vi de
cabeça para baixo latejando de dor. Tudo bagunçado. Um emanharado de nós. Levantei
e tracei uma linha imaginaria e meditei: saia da curva e siga em frente.
Aquele momento que você aceita as
coisas como estão dá um prévio alivio. Ai eu notei que passei tanto tempo me
doando que agora preciso preencher meus pedacinhos. Que não preciso de ninguém para
isso. Por que eu acreditei que poderia chorar do lado de alguém de novo e só ai
eu percebi que não dava mais para ficar chorando em lugar algum. Que chorar me
fazia andar em círculos.
Ai você pensa, chegou a hora de
começar culpar alguém, por que quem ama, quem gosta ou quem sabe lá o que faz
das tripas o coração para que tudo der certo, vai até o fim e não desiste...
bom eu não sei.
Mais eu pesei: e se fosse eu, faria
o mesmo. Pra que ficar com alguém só por ficar? – Achei até ato de gente de
coragem. Mas não vou eximir dos erros, mais não vou aponta-los por que não me convém
e cada um sabe o seu.
Um dos meus poemas preferidos é Receita
de Mulher de Vinicius de Morais. Pra mim ele é a personificação da idealização.
Todo mundo tem sua receita. Todo mundo se choca quando o outro não é tudo
aquilo que você se deu o trabalho de imaginar. E a culpa do outro não ser o que
você quer é só sua. Não se pode sair jogando a frustação em quem não tem nada a
ver com seu ego imaturo.
Voltando no tempo, precisamente no
pior dia da minha vida, quando ele me olhou de cima e disse: o mundo é injusto e isso foi para você aprender
que ninguém presta...
Por que eu quis voltar no tempo? Para
que fique claro que eu não me esqueço desse dia. E que é esse dia que me faz
lembrar de que não posso culpar outras pessoas, que não posso confiar
completamente, mas que não posso perder a fé nas pessoas.
Por conta disso vou concordar com
a parte de que não acho justo comigo ficar sofrendo. E sendo estranho ou não eu
agradeço. Agradeço por que eu precisava que você apontasse meus pontos de
fragilidade e de dor para torna-los forte. Por que isto é uma responsabilidade
minha.
Nisso lembrei do que disse Nicholas
Sparks (terminei em enfim de ler Diário de uma Paixão ): "Finalmente
entendi o que significa o verdadeiro amor. Amor quer dizer que você se importa
mais com a felicidade da outra pessoa do que a sua própria.”
Eu só desejo o melhor. Rezo para que
fique bem. Eu sempre estarei quando precisar. Só não agora. Eu preciso do meu
tempo, que por sinal já foi atropelado e agora não deixo mais.
Então por amor maior a mim estou
desistindo. E desistir em alguns raros momentos se torna um ato de coragem.
- Eu desisto do choro, da
carência, da falta de amor próprio, do vazio, da culpa, do apego emocional, da
imaturidade, da disponibilidade, da omissão, dos arrependimentos.
Por que eu não parei com o que me
fazia mal antes? – Porque tem momentos que não valem a nossa dor. Tem momentos
que nós pedem mais força e lealdade com o que deve ser feito. E eu queria
sorrir, eu queria ver outro sorriso e por isso eu engoli situações, passei por
cima de erros e fingir até que acreditei por que eu tinha sempre esperança que
com o tempo tudo se arrumaria e me enganei. Eu estava pensando errado, que sem
alguém eu não poderia me sentir bem.
Por isso eu aceito esse momento
para ficar bem. Para ser melhor para os outros e para o mundo. E escolho ficar
aqui e encarar o agora. Deixando o que passou como lição e o futuro lá no lugar
dele, pois não tenho maquina do tempo pra ficar viajando com mais noías por ai.
Não julgo as escolhas de ninguém.
Não sou o Juiz maior. Livre arbítrio estar ai, para cada um decidir onde quer
estar. Para preencher as necessidades que
te dar prazer e priorizar aquilo lhe tem maior valor.
Aquele sentimento maior, não
mudou de ontem pra hoje. Nem faço ideia se vai mudar. Mais tenho que cuidar do
meu coração machucado. E quer a verdade? – No amor não vale tudo. Não vale
ficar se culpando. Não vale ficar insistindo no que estar errado e por ai vai.
É muito ingrato se colocar como
vitima. Se vitimar é a infantilidade de querer que o outro sinta tudo que você
estar sentindo. E isso não tem nada a ver com empatia e compreensão.
Às vezes eu me pergunto se já fiz
alguém sofrer, ou se alguém sofreu por minha causa. E não faço ideia. Também não
sei se me sentiria mal por isso se soubesse.
Agora do que adianta falar que se
sente pior ao ver o mal causado, se isso não faz a real mudança? – Existem tantas
alternativas de cuidar da própria fragilidade. Não é tão difícil quanto pareci.
Difícil é saber qual é o problema e se conformar a viver o incômodo para
sempre.
Aquela velha máxima de que o que
não tem jeito remediado estar não se adequa a tudo. Há possibilidades e
soluções para se resolver uma tormenta. Não se deve se acomodar aquilo que
atrapalha a própria felicidade, se aceitar como é não significa que você deve
estagnar nas suas limitações.
A petrificação da ideia de que
cada um sabe o que é melhor para si, tenho como errada. Ao menos para mim. São
poucas as coisas que eu sei que me fazem bem ou mal. E não é porque todo mundo
sofre nessa vida que se deve desacreditar.
Cada um enxerga a sua própria
verdade. Eu sei. Só que a mente quando sai do eixo por falta de segurança
emocional é como uma lupa quebrada. Aumenta tudo de forma errada. Faz agir como
se fosse à razão. Troca o que é bom por algo ruim. E faz a pessoa ficar perdida
no mundo interno e posteriormente no externo.
Só agente tem acesso as nossas
emoções. Ninguém vai sentir por nós. Então por que não dividir, procurar ajuda?
– Por que existe um medo do que o outro vai pensar. Simples.
Eu mesmo sempre tive esse
problema da introspecção. De me isolar. De não procurar ajuda nos outros quando
há insatisfação e confusão dentro de mim.
E por medo permaneci calando as minhas necessidades. Acabei faltando comigo
mesmo. Faltei abri a boca e me expor. Não adianta esconder os problemas, uma
hora a bola de neve vai parar na sua frente e você vai ter que faze-la
derreter.
Existe essa mania interna de não
admitir imperfeições. E eu me perguntava como é que alguém vai gostar de mim,
ou continuar, o que seja. Se eu já não estou conseguindo mais ser quem eu sou,
por estar amedrontada .
Dentro de nós existe essa
dualidade, do que somos e o que queremos ser.
Para nós sempre existe algo que deve ser mostrado e há tudo aquilo que
deve ser escondido. E isso é de uma grande bobagem, eu sei.
Só que não dar pra ficar fingindo
a vida toda que estar bem. Fazer alguém sofrer não é pecado. Mais seguir a vida
com um nó na garganta que uma hora vai fazer sofrer e que não pode fazer nada
por isso, isso sim é um erro, um pecado.
Com quantas coisas você se apega
para suprir as suas insatisfações? Um curso, pessoas, um programa de tv, aquela
velha musica, um celular, as redes sociais, caçando coisas engraçadas pra
tentar sorrir, um lugar, uma lembrança...
Acho que foi por isso que a Martha
Medeiros disse que "Não importa a idade que temos, há sempre um momento em
que é preciso chamar um adulto."
Quando agente estar sozinho a
gente não precisar lhe dar com uma serie de coisas do mundo dos que estão
juntos e que quando estamos juntos não precisamos viver uma serie de coisas do
mundo de quem estar sozinho. Agente nunca consegue ter a tranquilidade de ambas
as coisas.
Mas eu também sei que a melhor
pessoa para cuidar de mim, sou eu mesmo. Já estou conseguindo relaxar quanto a
isso. – Não estou cem por cento, mais os números estão subindo aos poucos. Estou
bem melhor que ontem e é isso que importa. Meu bem estar pessoal. Conquistar minha
segurança emocional.
Ainda estou com dificuldade por
que é muito difícil abrir mão dos sentimentos que nós temos, e dos momentos em
que todos eles se concretizaram. Principalmente quando os momentos foram
simples.
Mais sei que aceitar as falhas e
procurar corrigi-las é o melhor que posso fazer por mim. Não consigo ser essa
inteireza de ser forte e integra em tudo que faço ainda. Às vezes me falta
verdade e ar ao mesmo tempo. Me sinto ameaçada e inseguro. Frágil igual a um
bibelô.
Mesmo existindo alguém que eu
confie para conversar. E eu digo que ela estar sendo de uma grande amizade e
ajuda. Eu não posso sobrecarregar ninguém com meus problemas. Eu tenho que
procurar soluções alternativas. Ninguém tem que sair tirando setas do bolso
para me entregar um caminho talvez seja certo. Eu preciso tomar minhas próprias
rédeas e procurar soluções.
Quando as coisas são do bem Deus
conspira ao favor. E quando o pedido é puro Ele ajuda. Faz a gente enxergar,
abre a mente e faz a gente encontrar por acaso o melhor para gente.
Ele me fez enxergar que fui me
deixando de lado a cada momento que eu me doava. Que fui deixando de cuidar de
mim e empurrando com abarriga as minhas necessidades.
Me doar nunca foi o erro, meu
erro foi não estar no meu espaço. Fazendo as minhas coisas. Preservar minha
individualidade. Foi ai que percebi como é que eu posso querer ter alguém, se
eu não me tenho primeiro.
Nessa procura de melhorar achei vídeos
bem legais da Flavia Melissa. A mulher parece uma louca viajada que fala
devaneando e por isso que me identifiquei, mesmo não tendo estudado nem um por
cento de tudo que ela estudou eu conseguir sentir, ela me fez pensar. E a cada
palavra louca dela fui conseguindo separar com calma cada problemática.
E ainda estou aqui buscado, me
buscando, me achando de novo em textos alheios, nas doutrinas Espiritas e nós vários
ensinamentos do bem que existem espalhados por ai para nos ajudar.
Em um dos vídeos a Flavia falou
sobre Mito do nascimento do amor segundo a mitologia grega. Que diz que: Amor
na verdade, vem do encontro entre a necessidade e a possibilidade.
- O quanto você vem gerando de possibilidades
para que suas necessidades sejam satisfeitas?
Não consigo perder as esperanças
do bom que estar por vim. Eu que já sofri por dores bem maiores em outros
tempos, aprendi ser otimismo de tanto que já fui pessimismo. E se eu consegui
reverter isso aprendendo por aqui e ai. Por que não aprender mais do resto que
por agora preciso?
O amor li em algum lugar, que é
uma vontade que não se sacia. E em outro que amor era determinação. E eu estou
determinada em mim e com Fé de que tudo vai melhorar. Por que eu quero, porque
eu preciso de mim.
Todos nós vivemos no chamado
“campo das possibilidades infinitas”. Não se negue a isso, viva as suas!
À medida que o vento sopra sobre o gelo, derrete-o, fazendo fluir a água
que se encontrava estagnada.
Ensinamento I Ching.
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Você lê e sofre. Você lê e sorri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê, e sua vida vai se misturando no que está sendo lido. Caio F. Abreu