sábado, 28 de maio de 2011

Língua de morango

Quero um leque de sabores, para desfrutar. Quero sentir a textura do morango, o cheiro do abacaxi e o doce amargo do kiwi. Quero por açúcar no maracujá, o azedo da laranja e o suco da pêra. Quero a noz, a amêndoa e a salada de frutas do costume. Quero sentir a frescura das frutas da Primavera, a indiferença dos frutos secos do Outono, a necessidade de refrescos no Verão e o chocolate quente do Inverno. Quero um leque de sabores, para adoçar a minha vida. Quero um leque de sabores, para me esquecer do teu. Variações de músicas cobrem a minha mente, caem finos fios de cabelo nas minhas mãos gordas e de nós dos dedos acentuados. O equilíbrio entre a razão e a vontade está longe de ser certo. Avanço, mas intuitivamente detenho-me. Devo? Não devo? Não, não devo. Se calhar devia, mas não posso. Não quero. Ou melhor, quero, mas não posso. Detenho-me mais uma vez. Por mim, não por ti. não me deixo. tenho de encontrar o equilíbrio, a margem de erro entre o 'tu' e o 'eu'. Quero rodear-me de mim, para tentar pensar só em mim, por uma vez. Não consigo. Detive-me, mas neste caso não resultou. Só resulta quando sei que a razão possivelmente esta certa. Só resulta, porque só tu distorces as coisas quando eu sei que não devia ser assim. Poderosos sabores, sensações.

A chuva lá fora continua a cair. O rio a encher-se e eu a esvaziar-me de memórias. Ele, que vê tudo. Memórias que quero guardar, mas que se calhar não valem a pena. Quero os sabores, da minha vida desinteressante e criativa. Faminta de emoções. Tenho de me auto-construir. Preciso do doce salgado ou dos salgados que causam diabetes. Preciso da frescura que me vem de dentro, para deixar essa arrogância escondida.
Hoje vou sonhar que não quero.

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Você lê e sofre. Você lê e sorri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê, e sua vida vai se misturando no que está sendo lido. Caio F. Abreu