Tenho agonia às vezes de ser tão chata. Agonia de não me suportar. Agonia de pensar de mais. Agonia de fazer coisas. Agonia de ser agoniada. Agonia de ser certa e me agonia às vezes ser a errada, por que às vezes agonia de ser é mais necessidade propriamente dita de ser errada, por que ser errada também é bom. E quando sou este erro, me sou agonia de ter errado. E me da agonia também toda essa minha contrariedade e confusão. Tenho agonia de tanta paciência que tenho pra tudo e fico desejando a sua falta e jogar tudo ao alto. E ai vejo minha agonia de fazer tudo rápido, de querer correr contra o tempo e vejo que não sou paciente para o que eu deveria ser. Agonia por ser doce e áspera ao mesmo tempo. Tenho uma agonia às vezes de ser eu, por que não me suporto sempre e tenho necessidade de ser outra, não dos outros, mas ser outras eu e me perder em mim mesma pra sempre e nunca mais encontrar os outros. Tenho agonia de ser rotulada, difamada, populariza e sem entender por que também sou ignorada. Tenho agonia por ser viciada em olhar as horas se não gosto de relógio de pulso. Tenho agonia de lembrar tudo e de chorar tanto. Tenho agonia de não ligar pra coisa que deveria me importar. Tenho agonia por não fazer o que quero e por me contentar com o necessário. Tenho agonia por saber mentir também ao ponto de eu mesma acreditar na própria mentira. Tenho agonia de não poder falar palavrão dentro de casa e por ser tratada como adolescente se já tenho 22. Tenho agonia de ser pequena, porque por vezes me sinto agoniada por ser demasiadamente grande por dentro e não me caber. Tenho agonia de ser aquela garota que olham, aquela garota pra dar uns amassos e aquela garota que o mané quer namorar. Tenho agonia de gostar de tanta coisa. E tenho agonia por não gostar de outras. Tenho agonia por ser feliz e por me isolar no ficar triste. Tenho agonia por ser extremamente maluca, insana, cretina, canalha, amiga, irmã, filha e qualquer outra merda intitulada por que eu também tenho agonia de títulos. Tenho agonia de ser irritante e queridinha. Tenho agonia por amar quem não quero. Tenho agonia por ser a moderninha e quando se surpreendem por eu não ser tanto assim. E me da muita agonia também quando me chamam de minha qualquer coisa, por que não sou de ninguém e tenho agonia por ser lembrada quando não quero ser. Tenho agonia por ser doida, totalmente eu, escrevendo agoniamente um monte de sandices idioticamentes insanas sobre o meu ser.
Williane Santos
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Você lê e sofre. Você lê e sorri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê, e sua vida vai se misturando no que está sendo lido. Caio F. Abreu