domingo, 3 de julho de 2011

Agonia de ser

 


Tenho agonia às vezes de ser tão chata. Agonia de não me suportar. Agonia de pensar de mais. Agonia de fazer coisas. Agonia de ser agoniada. Agonia de ser certa e me agonia às vezes ser a errada, por que às vezes agonia de ser é mais necessidade propriamente dita de ser errada, por que ser errada também é bom. E quando sou este erro, me sou agonia de ter errado. E me da agonia também toda essa minha contrariedade e confusão. Tenho agonia de tanta paciência que tenho pra tudo e fico desejando a sua falta e jogar tudo ao alto. E ai vejo minha agonia de fazer tudo rápido, de querer correr contra o tempo e vejo que não sou paciente para o que eu deveria ser. Agonia por ser doce e áspera ao mesmo tempo. Tenho uma agonia às vezes de ser eu, por que não me suporto sempre e tenho necessidade de ser outra, não dos outros, mas ser outras eu e me perder em mim mesma pra sempre e nunca mais encontrar os outros.  Tenho agonia de ser rotulada, difamada, populariza e sem entender por que também sou ignorada. Tenho agonia por ser viciada em olhar as horas se não gosto de relógio de pulso. Tenho agonia de lembrar tudo e de chorar tanto. Tenho agonia de não ligar pra coisa que deveria me importar. Tenho agonia por não fazer o que quero e por me contentar com o necessário. Tenho agonia por saber mentir também ao ponto de eu mesma acreditar na própria mentira. Tenho agonia de não poder falar palavrão dentro de casa e por ser tratada como adolescente se já tenho 22. Tenho agonia de ser pequena, porque por vezes me sinto agoniada por ser demasiadamente grande por dentro e não me caber. Tenho agonia de ser aquela garota que olham, aquela garota pra dar uns amassos e aquela garota que o mané quer namorar. Tenho agonia de gostar de tanta coisa. E tenho agonia por não gostar de outras. Tenho agonia por ser feliz e por me isolar no ficar triste. Tenho agonia por ser extremamente maluca, insana, cretina, canalha, amiga, irmã, filha e qualquer outra merda intitulada por que eu também tenho agonia de títulos. Tenho agonia de ser irritante e queridinha. Tenho agonia por amar quem não quero. Tenho agonia por ser a moderninha e quando se surpreendem por eu não ser tanto assim. E me da muita agonia também quando me chamam de minha qualquer coisa, por que não sou de ninguém e tenho agonia por ser lembrada quando não quero ser. Tenho agonia por ser doida, totalmente eu, escrevendo agoniamente um monte de sandices idioticamentes insanas sobre o meu ser.
Williane Santos

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Você lê e sofre. Você lê e sorri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê, e sua vida vai se misturando no que está sendo lido. Caio F. Abreu