quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Como se o amor de um homem fosse medido...


Sexo com Malu sempre foi algo diferente do que eu estava acostumado. Não sei explicar. Por que uma trepada é inesquecível e outra dispensável? Beijar a mão de Malu me emociona. Olhar as suas pernas me emociona. Tocar os seus lábios me emociona. Dar um beijo de leve, passar a mão nos seus cabelos, vê-la andar, se vestir, sorrir, vê-la com a boca no meu pau, com a mão nele, com o corpo sobre ele ou olhando pra ele me emocionam. E quase foi assim desde a primeira vez. E mais. Ela me ensinou a tocar, lamber, até a beijar, do seu jeito, do jeito que gostava, enquanto eu me imaginava um mestre na arte de. Me ensinou a passar a mão, a escorrer os dedos, a observar as nuances, quando eu pensava que sabia de tudo. E ela fazia algo que eu nunca tinha visto numa mulher. Ela gozava sem eu encostar a mão e sem ela se encostar. Ela conseguia gozar apenas me olhando, olhando o meu pau duro a centímetros de seu corpo. Eu ficava sentado, ela se sentava à minha frente. Ambos, nus. Sentia-se o calor trocado, a respiração, a umidade, mas não havia carne se explorado. Ela ficava assim uns minutos, olhando pra mim. Não havia música, havia pouca luz. Não havia bebida ou droga. Lucidez, serenidade. E, de repente, ela ia se inclinando na cadeira, abrindo as pernas, jogando a cabeça pra trás, sem desgrudar os olhos de mim, sem se tocar, até gozar. Já aconteceu com você? Como ela fazia isso?
A maioria das mulheres gosta de ver que um homem, o homem que ela quer, fica de pau duro por sua causa. Precisam de um sinal claro de aprovação por aquilo que o homem mais cultua. É como entrar num metrô e não ter em que se apoiar. Precisam daquele mastro, gancho, suporte, estribo, alavanca, lastro, esteio, amparo, sustentáculo. Não precisa ser grande, largo, reto, simétrico, proporcional, ovalado, elíptico, lubrificado. Precisa estar limpo. E duro, muito duro, como se suas bolsas se sustentassem nele. E, quanto mais duro, mais elas acreditam que são amadas. Como se o amor de um homem fosse medido pela capacidade de preencher com sangue tecidos cavernosos e cavidades.

[trecho do livro MALU DE BICICLETA, de Marcelo Rubens Paiva

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você lê e sofre. Você lê e sorri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê, e sua vida vai se misturando no que está sendo lido. Caio F. Abreu