Quando eu me lembro de você me
dar vontade de chorar e sorrir e chorar. E eu me lembro de você quase que todo
tempo, ou o tempo inteiro mesmo. Sinto tanta a sua falta que dói até o ultimo
fio de cabelo. Às vezes chega faltar ar.
Tem vezes que é tão desesperador
que me pego no meio da aula, da rua, no ônibus com os olhos suados. Ai eu
respiro fundo e vou indo, e indo, e indo... nem sei pra onde ao certo, mais vou
indo fazendo o que eu tenho que fazer por mim.
Ai eu e penso que devo me acalmar
porque não posso fazer nada, não posso obrigar ninguém a nada e que devo deixar
tudo como estar. Que tudo isso que sinto deve ser apego e que uma hora vai passar.
E lembro de todas as minhas insatisfações e tento imaginar as suas e o quanto
isso se misturou a nós dois. E penso no que poderia fazer você voltar. E penso
que não deveria querer você de volta. E penso que apensar de qualquer coisa,
qualquer magoa, raiva, ódio, desgaste, indiferença e bilhões de coisas ruins que
eu acima de tudo isso consigo amar você. Ai eu penso que você deixou de me amar
e isso me dói inteira e me confunde mais. E vejo o quanto imaturo a gente ainda é. Em
quantas infantilidades e joguinhos ocultos nós caímos.
E lembro de todas as coisas boas
e bobas que fizeram a gente rir por nada. E me pego em frente a um mirante onde
eu vivenciei tantas coisas e que a única coisa que eu conseguia me lembrar ao estar
ali era de ter visto você em uma noite qualquer descer de um ônibus atravessando
a rua. Fiquei ali uns quinze minutos esperando um ônibus e repetindo a cena
trocentas vezes. Não sei porque isso, mas isso me faz pensar que vou ser
apaixonada por você a vida inteira. Só que não dar pra ficar
migalhando por você agora. Me faz doer ainda mais ter que pensar que devo tentar
implorar por alguma coisa ou atitude sua ou provar as coisas que sinto. Também não
quero que sinta pena de mim, seria a pior coisa que poderia acontecer.
Eu só queria ficar bem de novo,
virar a noite falando bobagens, ouvir você falando sobre qualquer coisa, pode
falar e chamar você de qualquer coisa. Dividir as coisas que tem pra fazer. E precisei
tanto de você nesses últimos dias. E pensar que vou seguir agora sozinha me
deixa muito vazia.
Eu consigo fazer tudo sozinha,
mais eu preciso de você. Preciso do seu abraço forte e dos seus ouvidos. Preciso
falar das coisas, do que aconteceu e sobre o que eu acho que vai acontecer.
Preciso de você do meu lado pra
me dar força, pra me dizer que sou capaz mesmo eu já sabendo que sou. Preciso pra
me apoiar, mesmo eu sabendo andar com minhas próprias pernas.
Preciso de você como um lugar
onde eu possa me esconder quando estiver com medo. Pra me incentivar na falta
de coragem e me animar no momento de fraqueza e tristeza.
Preciso do seu colo, do seu
cheiro. Preciso do seu jeito bobo. E preciso brigar com suas burrices e preciso
de ajuda para concertar as minhas.
Preciso de você pra me dizer que
eu vou conseguir. Preciso de você porque tem algo que não sei ao certo
explicar, mais é uma força que diz que eu preciso de você pra ficar comigo, pra
cuidar de mim quando eu não conseguir sozinha. Por que algo me diz que eu não
posso dar conta de tudo sozinha e que só você pode estar comigo em tudo em que
eu precisar. Eu preciso de você perto, mesmo com algo me dizendo que eu não
devo esperar.
Eu não preciso de você pra não
ficar pra titia. Não preciso de você pra posar que tenho um macho. Não preciso
de você pra me exibir por ai. Não preciso de você porque não sei viver sozinha.
Eu preciso porque eu quero, por que tem algo que me diz que tem que ser você. Não
consigo ver seu lugar preenchido, mesmo sabendo que possa existir alguém melhor
ou semelhante nesses sete bilhões de habitantes. Eu preciso ver você feliz
independente do que for. Eu preciso ser feliz independe do que for.
Todo mundo precisa de alguém mesmo que não queira admitir. Caio Fernando Abreu
Todo mundo precisa de alguém mesmo que não queira admitir. Caio Fernando Abreu
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Você lê e sofre. Você lê e sorri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê, e sua vida vai se misturando no que está sendo lido. Caio F. Abreu