quarta-feira, 16 de abril de 2014

Devaneio V - Sobre o que estar faltando




"O que aprendemos com a amarga experiência é que essa situação de ter sido abandonado à própria sorte, sem ter com quem contar quando necessário, quem nos console e nos dê a mão, é terrível e assustadora, mas nunca se está mais só e abandonado do que quando se luta para ter a certeza de que agora existe de fato alguém com quem se pode contar, amanhã e depois, para fazer tudo isso se - quando - a roda da fortuna começar a girar em outra direção." Zygmunt Bauman

“E a grande verdade é uma só: não fomos feitos para sermos independentes uns dos outros. Toda a nossa sociedade, para não dizer civilização moderna, é construída com base nesta autossuficiência e independência, e olhe só onde isso nos trouxe: pessoas absolutamente perdidas e desconectadas de nós mesmos, buscando fora de nós à pecinha do quebra-cabeça que falta para que nossas vidas façam sentido. Pessoas que buscam algo fora porque, na parte de dentro, estão divididas e segmentadas. Somos pela metade porque varremos para debaixo do tapete uma parte importante de nós mesmos, sem a qual não podemos seguir em frente. Nossas fragilidades e vulnerabilidades têm tanto direito a existir quanto nossa força e resistência.”

“Mas a verdade é que nossos relacionamentos funcionam, em nível totalmente inconsciente, em uma grande inércia: você está acostumado a seus amigos serem como são, e eles estão acostumados a você ser como é. Se algo muda em uma das partes é necessário que haja uma adaptação da outra parte: caso contrário algo se perde. O equilíbrio é colocado em cheque, e havia sido isso a acontecer comigo.” Flavia Melissa

Eu mudei, e não estou vendo alguém disposto para perceber isso. Perceber que eu preciso de um cuidado especial nesse momento. De que preciso de aceitação. Que consiga ver o que estar acontecendo comigo e me ajude com tudo isso.

As palavras travam todos os dias na garganta porque sinto vergonha em demostrar como estou. Eu já passei por momentos mais tristes, mais desanimadores e pavorosos que me deixaram ainda mais forte. Hoje além de boba carrego uma fragilidade demasiada dentro do corpo. Eu que já cuidei de mim tantas vezes sozinha só queria ser cuidada. Estou enjoada desse meio termo, do que é não ser o que é. Cansei dessa obrigação de ser alto suficiente, desse conto de amor próprio, desse despreparo do outro lado. Eu quero cobrar tudo que estar em falta comigo. EU QUERO ME SENTIR GOSTADA, AMADA. RECEBER CARINHO, ATENÇÃO E ME SENTIR ESPECIAL DE NOVO. Não falo de presentes falo de presença. Estou saturada de desculpas.

Quando já sentiu algo divinamente bom é difícil se contentar com “o que tem pra hoje” todos os dias.
No meio da minha gratidão por todas as coisas boas que estão acontecendo e por tudo começar a se ajustar de uma maneira que confronta minha ansiedade e frustação. Eu aprendo a ser paciente e o significado do que seja a sutileza, mais ainda me sinto insatisfeita e isso me enfraquece demasiadamente um pouco.

Minha mãe me deu a luz no momento em que nasci. Ao longo do caminho recebi por vezes a luz divina. Já teve gente que iluminou meus dias e teve alguém que conseguiu por muitas vezes ser a própria luz na minha escuridão. Ainda sofro muito por me sentir só em alguns momentos, em minhas batalhas, desafios e dificuldades em dar à luz a mim mesma quando não existe alguém para e ir lá e ligar o interruptor enquanto do que eu preciso é ficar quieta comigo mesma deitada naquela posição fetal num ambiente aconchegante (não falo de luxo, mais de um lugar onde me sinto a vontade) recebendo um pouco de cafune.

Eu preciso de um olhar de Amor.


 

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Você lê e sofre. Você lê e sorri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê, e sua vida vai se misturando no que está sendo lido. Caio F. Abreu