sábado, 4 de junho de 2011

Amor promiscuo

Uma vez alguém olhando nos meus olhos, me fez chegar aos ouvidos essas palavras:
‘’Quando nós fizemos amor ali [...] quero que saiba que tudo aquilo pra mim foi sagrado, que você é sagrada pra mim... ’’
Meus ouvidos levaram as palavras e bela voz do rapaz para sintonizar os meus juízos. Meus neurônios fizeram o maior esforço para achar tudo aquilo muito bonito, algo bom de se ouvir. E era, mas não para mim... nada deu certo... aquele corpo estava acostumada a outros sentidos que o mero rapaz desconhecia...
- Como dois gatos nós acariciávamos, esfregando o rosto no ombro do outro, a barba que arranhava o pescoço, a cabeça raspada que riscava a barriga, a língua que chegava a orelha, o xero no rosto, o apertar dos dentes nos lábios, o arrepio dos pelos, o suor que começava transbordar do corpo inteiro junto com o cheiro delirante, o beijo forte e suave, o apertar dos braços, mãos que percorriam o corpo, as unhas que marcavam as costas... e quando seus olhos me devoravam de forma promiscua, eu olhava teus lábios carnudos e rosado, e dizia descaradamente sem nenhum pudor:


Vamos tranzar?!!
Ele nunca precisou me formular frases ditas bonitas. Bastava seu “eu te amo”, que nem muitas vezes era necessário. Pois eu sentia em sua incapacidade o prazer que ele tinha em demostrar que me amava, me tocando.

“O amor não é apenas belas palavras ditas ao vento. Amar alguém é sentir prazer na promiscuidade do corpo desejado.”
Williane Santos

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você lê e sofre. Você lê e sorri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê, e sua vida vai se misturando no que está sendo lido. Caio F. Abreu