Eu me anulei por não querer
enxergar. Nunca fui uma santa imaculada. Não sei a dimensão dos meus erros, e
quais eles sejam diante dos olhos dos outros. Eu só os deduzo todas as vezes
que me martirizo e dramatizo sozinha, escondida em meus choros. Eu fico
buscando erros em mim pra tentar entender todo este caos.
Existe pendurado em meu pescoço
um saco de magoas pesadíssimo. Lá existem magoas não reveladas. Magoas que
deveriam ter sido passageiras e outras que ficarão até o meu sempre. E só eu
sei como é insuportável conviver e a dor de me desprender de todas elas.
Estou me sentindo frágil. Desestabilizada
emocionalmente. Nesses últimos meses (a musica que me acompanhou: Marina andthe Diamonds - Starring Role) me entristeci tanto que fui sumindo de mim aos
poucos, ao ponto de não suportar o que restou cá dentro. É como se eu tivesse
dado tanto minha cara a bater que nem mais existe espaço pra apanhar. A
sensação é de que minhas mãos derreteram diante do fogo em que as coloquei. Dói
ter que pagar com um pedaço da própria língua. Dizer que estar difícil vivenciar
este momento é exageradamente pouco.
Ver o olhar torto de algumas
pessoas chega ser cruel. Por que eu sou agora a pessoa que não tem vergonha na
cara (como eu mesmo já disse) por amar alguém. É como se eu não pudesse surtar,
por que mocinhas não fazem isso. Mocinhas engolem tudo a seco sempre. Que eu
sabia só existe uma mulher na historia da humanidade que pariu de maneira
inocente. O resto expôs suas intimidades para aqueles que quis mostrar. As pessoas puritanas de língua grande me insultam
e entristecem mais ainda, por me julgar num momento de sofrimento e na minha
tentativa de colocar a vida nos eixos.
Em meus 25 anos de existência me
sinto como uma menina desprotegida, ingênua... Eu que não deveria confiar em
ninguém, sempre acabo confiando. Meu desejo instintivo sempre é o de querer consertar
tudo. Como alguém me disse dias atrás. Sou
muito esperançosa.
Agora eu tenho que ter obrigatoriamente
a resiliência diante de tudo. Eu preciso reagir. Reinventar minha vida. Na verdade
trabalhar arduamente para que eu possa dizer que essa vida é minha.
Estou tentando me equilibrar. Pois
a responsabilidade sobre tudo que eu sinto é minha. Cada peso em cada lado da
balança. Quando tudo que se sente não cabe em linhas. Quando nada cabe mais por
dentro e só transborda.
Alguém já sentiu a vontade real de
matar alguém, sem querer que ela morra, por que se você presenciasse essa morte
acabaria entrando no terror da perda definitiva de alguém por quem você
tem tanto amor? Uma loucura, né mesmo? É isso, minha sanidade pode ser
questionada sim.
Eu quero poder chorar até meus
olhos não aguentarem mais. Esvaziar tudo dentro de mim. Fazer uma faxina geral.
Por que eu me sinto a própria maçã envenenada. Cheia de veneno para matar
outra.
Eu vou ter que abaixar minha
cabeça dentro da casa dos meus pais como se eu estivesse cometendo um erro,
como se nunca mais eu pudesse questionar um, como se eu estivesse aceitando um.
Mais não consigo aceitar este erro. Eu aceito o momento que eu estou vivendo. Estou
tentando descobrir o propósito disso tudo. Do por que estou precisando passar
por tudo isso.
Só existe uma pessoa que eu quero
falar a respeito sobre isso, e só. A pessoa que me faz querer companhia nos
momentos em que minha mente insiste em querer solidão. Mesmo sendo insuportável
lembrar de tudo a todo instante, a cada materialização dos fatos em minha mente.
É com ele que preciso me desgastar em dialogar sobre tudo trocentas zilões de vezes exaustivamente.
Ninguém nunca tentou me explicar
sobre o que é o amor. Eu quero tentar entender que tipo de amor é esse que tem
por mim. Eu quero entender que tipo de amor é esse que eu sinto. Nunca conseguir
me explicar. Já pensei na possibilidade de ser doença, imbecilidade, babaquice
de minha parte, se é medo de ficar só ou se esse meu tipo de amor seja o mais
normal de todos.
As vezes eu olho pra ele e fico
me perguntando por que de tudo isso. Por que ele fez isso tudo. Por que se me amava,
como disse naquele ultimo domingo, por que fez tudo isso acontecer. Por que desejou, idealizou, planejou
e concretizou minuciosamente tudo. E por que eu que de algum modo sentia tudo
que estava acontecendo não fiz nada.
Eu não sei se tenho capacidade de
perdoar. Mas tenho a de dar chances, possibilidades... O meu perdão não será
suficiente para mudar tudo daqui em diante. A mudança estar além do perdão.
Eu só ando me arrastando, sem
força pra sair daquele velho conhecido poço que me dei o trabalho de florear de
rabiscos de que dias melhores sempre chegam.
É difícil falar todas as coisas. É
difícil ouvir todas as coisas. Mais aceitei a conformidade de que é necessário enfiar
o dedo violentamente em cada ferida. Fazer sangrar, suturar, por fim curar.
A dor de mudar o habito. Aceitar a
falta de imunidade para os acontecimentos da vida.
Agora é a hora de pensar tudo que
me aconteceu. Todos os meus momentos ruins de vida. Os bons, o que eu aprendi,
o que preciso aprender. Avaliar, questionar... tomar um rumo.
Empatia é se colocar no lugar do
outro e sentir, projetar por dentro o outro. Mas nesse momento eu só consigo
ver aquilo que eu enxergo a olho nu e cru.
Mais eu preciso de mais, eu preciso ver sem pele. Preciso ver além dos registros. Das lágrimas. Eu não sei exatamente do que eu preciso processar no meu banco de dados, sei que necessito em demasia de muitas coisas.
Mais eu preciso de mais, eu preciso ver sem pele. Preciso ver além dos registros. Das lágrimas. Eu não sei exatamente do que eu preciso processar no meu banco de dados, sei que necessito em demasia de muitas coisas.
Não sou dessas pessoas que
conseguem seguir facilmente por que meu corpo dói inteiro, perde as forças. Eu fico
aqui dolorida lembrando das coisas que já li, que já ouvir e já viver na
tentativa de encontrar conforto. Eu preciso resolver tudo isso. Compreender a
moral dessa historia. Preciso de ajuda, de tempo, paciência e do meu espaço.
Não faço ideia de quanto tempo é necessário para essa dor passar. Mas em meio essa tristeza toda, como
sempre estou me esforçando em ser positiva.
Eu só peço desesperadamente... por
favor, me respeite(m).
Willi
Willi