segunda-feira, 23 de maio de 2011

Devaneios da Minha Alma


Hoje mais que nunca preciso de um tempo para balanço de vida. Dizem que isso é coisa de libriano que tem sempre um senso de justiça. Deve ser isso, pois minha balança agora só pena para um lado. E desculpa a mim mesma, mas preciso de equilíbrio com certa urgência. Sinto muito, mas aquilo que desejava a vida não me deixa agarrar. Ela não me permite aplicar os meus planos e nem se importa com o que estou a sentir.

Sei que sou mera mortal no final desta dor. Também sei que se o meu caminho for realmente este, que devo enche-lo de luz e percorrer todos os lugares que permaneço deixando ausente de mim! Peço um tempo para me salvar de mim mesma e para parar de viver o perigo que eu nunca quis.

Um vazio na alma destrói um pequeno lugar que restou no meu coração. Ao certo, não sei quem sou e, desconheço a distância entre a minha voz e o viver. Vivo agora em um tormento que me abraça e que gosta de (con)viver em mim como se eu fosse um abrigo. Acompanho o escurecer em busca dos brilhos do mundo tentando percorrer a cidade sozinha. Mas do aqui adianta, no fim do caminho sempre acabo aqui, quebrada em mil pedaços, num chão que se abre e me aspira com a tristeza.

Sempre perdida em um labirinto sem fim, com a cabeça quebrada como um quebra-cabeça infantil que nenhuma pesa se encaixa. Uns dias estou a planar sobre ele, em outros momentos escondida no seu interior e quando me deixo tocar pelo seu Minotauro deixo de ser aquilo que o medo fechou. Ele poderia ser um chão que me agarra, ou outra margem de mim! Poderia ser esta noite quente aparentemente fria. Poderia ser você e eu a descobrir a vida. Mas não é.

Como num caso de esquizofrenia sinto os teus passos, pressinto os teus gestos, vejo os teus sonhos perdidos. E hoje, mais do que outra noite e outro dia, há algo que me fere e me faz querer tê-lo aqui. Não importa se fores breve como a loucura, oscilante e que passes as fronteiras. Não importa se tudo se for, numa gota só! Eu sei, que já fiz tremer o seu mundo. E não importa que tudo seja breve como o sopro do vento!

Mas do que adianta mentir para alma, se ela não quer algo passageiro. A alma grita por algo permanente que tatue a pele, penetre no peito e crave na alma de maneira eterna.

Espero-te sempre, ao fim do dia, cansada. Sempre no mesmo desfecho. A alma precisa de alguém para me sorrir. Mas no pensamento, és o meu pequeno abrigo. Que fim de dia é tão frio, apressado e cheio de olhares perdidos à procura do futuro. O tempo endurece qualquer armadura e ergue muralhas. Que não cria pontes. Que não deixam partir nem deixam chegar!

Sinto-me só, desfeita, indefesa com o olhar vazio. Cansada, mas com ternura feito pena de anjo. No topo da escada vejo longe, vejo a ponte, vejo o céu que muda entre o inicio e o fim. Ao fundo, vejo casas velhas, telhados sujos, a lua acesa e espero no tempo, algum sinal teu!

Quem sabe um dia a vida acerta, naquilo que me prometeu quando me viu nascer! Mas por agora só faço do horizonte uma viagem longínqua que faço sem me mover, onde me possa perder.

O peso dos dias torna-se insuportável no meu coração que mais parece uma folha de papel, um caderno velho rabiscado e um jogar na tela.

Minha dor é apenas um livro estrangeiro que se traduz  nas minhas lágrimas que percorrem o rosto gelado pelo vento. Não sei como evitar esta fragilidade que me faz parar no tempo e tudo em mim se precipita. Não sei como controlar a mente conturbada em uma guerra, em um caos permanente na lei murfy. A vida desgarra-me os sentidos e não me oferece um canto para ficar longe desta guerra que me domina!

Agora entretanto, permito que por enquanto que a vida me magoe, permito-me estes deslizes, permito-me pequenos devaneios de uma alma com fome de sentir.

Williane S.

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Você lê e sofre. Você lê e sorri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê, e sua vida vai se misturando no que está sendo lido. Caio F. Abreu