sábado, 28 de maio de 2011

Passado


Há um passado em mim que me torna quem eu sou. Que me explica e me dá forma. Um passado que passou, mas que é responsável e que me trouxe para o presente. Do qual sinto saudade, mas que não necessariamente queria ainda viver. Apenas recordar. Relembrar momentos. Lamentar algumas perdas e decepções. Sentir falta de algumas pessoas e circunstâncias.

Dividir o seu passado com alguém é a maior prova de confiança e cumplicidade. É revelar algo que o outro nunca precisaria saber, ou que, mesmo que desejasse, não poderia conhecer a menos que se contasse.

Cecília Meireles diz: “Os fins justificam os meios da minha cara.” Eu digo que ‘meus meios justificam o meu fim’. Eu gosto de compartilhar momentos da minha vida, minha história. Preciso dizer. Preciso de amigos pra compartilhar. Preciso fazê-los saber, conhecer um pouco mais de mim.

Sofro quando algum daqueles em quem confiei acaba por me decepcionar ou magoar. Sou resolvida a superar. Mas não sei (nem quero) ser daqueles que quando se decepcionam, repudiam o passado e todos os momentos que viveram ao lado de alguém. Repudiar os bons momentos que tive com alguém, mesmo que esses momentos já tenham ficado lá atrás, seria como repudiar uma parte de mim. Seria esquecer lembranças que são parte da minha vida.

Quando eu sofro, sofro por mim. Por uma parte de mim que se perde. Por algo que me fazia bem que deixei de ter e me fará falta. As pessoas são insubstituíveis e ninguém nunca substituirá ninguém. Mas não significa que é impossível ser feliz de novo.

Quando descobrir algo sobre mim, não deixe que seja motivo para nos afastarmos, mas que a confiança e o entendimento mais pleno, nos aproximem mais. E que as possíveis lágrimas que acompanhem histórias antigas sejam apenas para limpar os meus olhos para enxergar melhor o futuro que se nos apresenta.


“Onde quer que eu vá, levo em mim o meu passado.
E um tanto quanto do meu fim.
Todos os instantes que vivi, estão aqui.
Os que me lembro e os que esqueci...
Carrego minha morte e o que da sorte eu fiz.
O corte e também a cicatriz”
[Meio Fio – Rita Lee]

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Você lê e sofre. Você lê e sorri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê, e sua vida vai se misturando no que está sendo lido. Caio F. Abreu