quarta-feira, 4 de julho de 2012

"Então, não há tanto perdido nem deixado para trás; é mais como se as coisas houvessem sido distorcidas e destiladas. E, embora eu encontre consolo nesta cópia retocada da pessoa que ela foi um dia, em noites como estas, anseio pelo verdadeiro."


"A realidade. Nua e crua.
Talvez o resultado da perda - as migalhas de lembranças - tenha, de alguma maneira, me amedrontado mais do que a perda em si. A verdade é que eu nunca aprendi a andar de bicicleta porque, entre outras razões, é algo que nunca se esquece. Esta sou eu: alguém que ao mesmo tempo anseia por algo e teme pelo compromisso de lembrar. Há o esquecimento, a desintegração da memória, de pouquinho em pouquinho; e há a impossibilidade de esquecer, a marca em cicatriz, com todas as suas camadas. Ambos me assombram de suas maneiras próprias.
Você jamais conhecerá a pessoa que um dia eu fui, aquela que existiu antes de você, de algumas formas, antes mesmo que eu fosse eu. Mas esta história de quem eu me tornei, esta história sobre nós, é seu legado, tanto quanto meu."

Trecho do livro, O Oposto do Amor - Julie Buxbaum

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Você lê e sofre. Você lê e sorri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê, e sua vida vai se misturando no que está sendo lido. Caio F. Abreu