"Viver pode ser
bom, muito bom, mas não se engane felicidade não é mágica e é impossível
atingir 'momentos' ou 'estados ' de felicidade sem antes ter se confrontado com
os nossos demônios. Quem nega sua sombra jamais será capaz de vivenciar sua
luz."
Andréa Beheregaray.
"Só quem já
assumiu e viveu a tristeza sabe amar de verdade. O amor daqueles que não
entraram em contato ainda com a tristeza é como verniz, superficial, brilha um
tempo mas não se sustenta. Amar exige tanta coragem quanto exige o sofrer. Os
tristes amam melhor porque são capazes de reconhecer e acolher no ser amado a
tristeza. Ama sem muito fiasco pois reconhece a falta como constituinte e por
isso sabe que o outro não está ali para tapar buracos, mas, talvez, para
segurar sua mão quando o buraco for muito grande. A tristeza torna sua alma
sensível aos outros (...) Amar um triste pode ser uma experiência reveladora
(...) A tristeza é valiosa. Valiosa para quem sabe transforma-lá em
consciência, intensidade e amor."
Andréa Beheregaray
No amor a ideia
de uma relação perfeita só feita de prazer e de coisas boas é tão prejudicial
quanto a ideia de 'príncipe encantado'. Nas duas a crença equivocada de uma
felicidade possível sem contra-tempos, a primeira projetada nessa fantasia
histérica da modernidade de prazer sem limites e sem comprometimento pessoal
suficiente, a segunda lançada na figura de que alguém, vindo de fora de nós
mesmos, capaz de nos salvar dos dissabores da vida e nos dar a felicidade
eterna. Obviamente nada disso se realiza, não existe nada mais trabalhoso do
que a felicidade, e principalmente a felicidade no amor. É preciso atravessar o
pantanoso rio do autoconhecimento, repleto de emoções contraditórias, desejo de
dependência e liberdade, traumas, amor e ódio, angustia de separação e
fantasmas de rejeição para só então encontrar, quem sabe, alguém disposto a
comprometer-se também com nossa sombra e trilhar junto o caminho disso que
chamamos amor. Porque quem ama apenas sua luz, ama pela metade.
Andréa Beheregaray.