domingo, 1 de maio de 2011

Na Catedral



Passando pela praça o badalar do sino da igreja me chamou a atenção, já era duas horas e algo muito forte me convidava a entrar. Admirei ali a igreja por alguns segundos e o incomodo do meu amigo começou a me irritar. Fique quieto disse. Começamos a conversar quase em silencio. Havia poucas pessoas ali dentro, mais notei que um homem nos observava e a cada minuto se aproximava mais.

Num momento vi que ele já estava dividindo o mesmo banco conosco, e dava leves sorrisos de solacio. Naquele instante conversava com meu amigo sobre porque algumas pessoas surgem e somem da nossa vida. Expliquei a ele que naquele momento estava muito confusa e não conseguia entender por que o amor de novo surgiu na minha vida. Por que havia superado uma parte do meu passado tão rápido. Disse a ele que rezei varias vezes pedindo a Deus que acalmasse meu coração e que não me enviasse um novo amor tão cedo, pois precisava de um tempo só meu para organizar minha vida, que era injusto passar novamente horas do meu dia pensado em outra pessoa naquele momento.
No mesmo instante escuto uma leve risadinha. Olhei pro lado e o homem me olhava com a cara de que menina mais boba. Fiquei ali encarando aquela cara de deboche, ate ele perceber que eu o observava.

- Ele disse: desculpa, sou o padre Antonio estou aqui a visita, mais posso lhe dizer uma coisa?
Com cara de tacho respondi, sim pode.
- Não questione porquê Deus lhe enviou alguém no momento ao qual você diz errado. Se você superou rápido uma perda parabéns, nem todas as pessoas têm esse privilegio como você, muitas passam ate muitos anos tentando deixar certas coisas no seu devido lugar que nesse caso é no passado. Se Deus enviou um novo amor pra você no momento errado, deve ser pelo simples motivo de que era necessário para sua felicidade. É possível ver assim que se olha para você uma menina muito forte, mais com um olhar solitário. Quem sabe Deus não quis tirar essa sua solidão.
Fiquei ali pensando ainda sem entender algumas coisas. Perguntei por que então não estamos juntos. A todo momento aparece algo que impende isso e acho que nesse momento ele não senti o mesmo.
Minha filha, disse ele, nem todos nos amamos da mesma maneira, nem mais nem menos, a cada um a seu modo e momento o que nos resta é a paciência.
- Perguntei a ele se amor que não é alimentando morre.
 Ele sorrio de novo e disse: - Quantas pessoas você conhece ao qual não acreditam em Deus, você sabe então que elas não alimentam um amor por ele. Mais isso não impede que Deus os ame. Deus não precisa do amor de todos para ser mais forte. O amor verdadeiro nunca morre criança. Se você deixou de amar alguém é pelos simples fato de não ser mais verdadeiro. E se esse novo amor apesar da distancia se tonar cada dia mais forte é porque este sim tem uma fonte de verdade. Lembre-se ele escreve certo por linhas exageradamente tortas.
Fiquei ali imóvel olhando pro teto da igreja, escutando meu amigo e o padre a tagarelar bobagens sobre teologia. Num momento abaixei a cabeça, fiquei ali sem saber como rezar ou como iniciar uma conversa com Deus.
Naquele instante o padre repetiu uma frase que ele havia escutado sair da minha própria boca no início da conversa com meu amigo: filha, “conselho é bom exatamente pelo fato de ser de graça” (e sorrio), seja feliz e tenha fé, Deus lhe enviara uma surpresa ainda maior, lembre ele é o Amor.
Sai dali ainda inerte. Agradeci a bênção e apenas seguir meu caminho tentando manter a fé que restava em mim.

Williane S.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você lê e sofre. Você lê e sorri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê, e sua vida vai se misturando no que está sendo lido. Caio F. Abreu