domingo, 3 de julho de 2011

Saudade que me cansa


Todos os dias eu me pergunto de onde vem toda essa saudade. Quanto mais eu me pergunto me perco num buscar de respostas e já não mais estou a me questionar, já estou a sentir com tanta intensidade que me torno um explodir de lembranças. Lembranças que não se cansam de me atormentar. Lembranças minuciosas em detalhes que chegam a me machucar, que me ferem, que cutucam minhas feridas, que aumentam minha dor. Lembranças insanas, loucas, felizes, tristes, detalhadas. Lembranças de toques, de sensações, de cheiros, de acontecimentos completos. Lembranças que me confundem a mete, os sentidos, as emoções. Lembranças que me trazem uma magoa, uma raiva, um ódio e um te perdoa incansável. Um perdoa em silencio que não traz o toque de volta e quando tenho por mim meus olhos já transbordam o meu sentir no travesseiro. O silencio me afoga e a sua falta é tão grande que já posso ouvir você, sentir teu cheiro, teu beijo, teu toque. E começo novamente a questionar minha sanidade, pois posso vê-lo deitado no sofá da sala quando entro em casa ou no portal esperando eu abri-lo. Posso sentir você segurando minha mão, me envolver com teus braços, posso sentir você encaixar teu corpo no meu corpo e cheirar meu pescoço antes de dormir, posso sentir o arrepio nas minhas costas por causa do jeito que você tocava minha nuca, posso sentir seus cheiro invadir minhas narinas, e não, não é um perfume qualquer que alguém se encharcou e resolveu passar pela minha porta, não é um perfume parecido com o seu, é o teu cheiro, teu cheiro único. O tempo não vem me ajudando esquece-lo e esses lapsos constantes de memoria vem danificando minha sanidade a tal ponto que posso ouvir tua voz me chamando dos vários jeitos que me intitulava, ou os efeitos sonoros que você fazia quando me contava uma historia. Posso ver teu sorriso e às vezes me perco sorrindo também de tanto envolvimento com a lembrança, quando do por mim percebo que tudo já passou, que aquilo foi real e não é mais. Quando me envolvo nessas lembranças já deixei de ser eu, já deixei de pensar, já pedir por fim todo o meu autocontrole e já virei você, já virei nós, já virei eu sem você tentando suprir sua ausência. E a raiva me toma por inteira, pois não quero mais te amar e me desculpe por isso, mas eu tenho motivos e você sabe quais, mais ainda o amo e isso me dói. Esse não aceitar te amar me toma em desespero às vezes, pois me pego pedindo mais de você, como se você fosse um vicio de que meu corpo precisa suprir e choro em silencio, escondida nos cantos, um choro de raiva, um choro de culpa, um choro de saudade, de sofrimento, de perca, de vontade de tê-lo ao meu lado apesar de tudo. Até que me canso na cama pego no sono, sonho contigo, me beijando, me fazendo carinho, me cuidando, voltando aos meus braços, lhe faço um cafune e te cuido e acordo novamente pensando em ti.

Willi Santos

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Você lê e sofre. Você lê e sorri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê, e sua vida vai se misturando no que está sendo lido. Caio F. Abreu