domingo, 16 de março de 2014

Devaneio II – Sei e Não Sei – Para fazer vibrar o coração



Você quer fazer alguma coisa para  mudar tudo isso, mais não faz ideia do que fazer. É altamente despreparada nessa arte de... sei lá. Você escuta conselhos, regras sobre isso e aquilo. De como se deve viver e agir diante as situações. Basta alguém saber e se propaga no espaço. Seus amigos e não amigos opinam. Quem não tem nada haver se mete por inteiro. As revistas ditam manuais.

Seja fria. Ignore. Vá atrás. Siga em frente. Use a razão. Escute o coração. Ore, reze. Pense positivo. Não pense. Lei da atração. Mude de hábito. Desapegue. Mude o cabelo. Faça testes. Faça ciúmes. Suma. Livros de autoajuda. Cartilhas. Horóscopos. Vozes e mais vozes dizem como você deve agir diante dos acontecimentos da sua vida. A intromissão alheia é sem limite.

Você nem quer saber de todas essas bobagens mais elas aparecem na sua frente. Sua melancolia é tão intuitiva que sua seleção de musicas surge em seus ouvidos só pra lhe colocar bem lá no fundo do poço. Não tem para onde correr, não aditar ignorar mensagem, dar cortes, se esconder em casa, não atender ao telefone. Nada nesse momento te deixa em paz, é pura perseguição.

Ai tornam a dizer. Vai, escuta o que tem a dizer. Vai lá, toma a iniciativa. Não, você tem que se valorizar. Deixa com raiva. Manda logo se ****. Vamos lá, bola pra frente gatinha, tem tanto cara pra você ainda pegar por ai. Que nada, esquece e vamos beber. E você ainda quer, manda pastar. E você ainda fala com ele, você é muito burra mesmo. Ninguém estar nem ai para como você estar, a verdade é essa.

Se na sua cabeça já existia pensamentos fora do lugar, se você estiver num momento vulnerável como a minha sua cabeça vai se transformar num verdadeiro saco de merda. Por que ninguém se toca que sua vida não é dar conta deles.

Você sabe que uma hora todo mundo vai saber. Mais você tentar evitar quando no momento isso vira o centro da sua vida sem você querer. Você tem outras coisas para se concentrar. Tudo vira uma obsessão. Você se sente louca. Da vontade de gritar a cada cinco minutos. Tenta pensar que o outro estar melhor que você pra ver se desencana de vez. Do nada você estar implorando sem querer implorar. Você estar evitando sem querer evitar. Você vai estar brigando por coisas sem sentido. Sua irritabilidade aumenta. A falta de sexo piora. E você tem um ataque excessivo de raiva no momento errado. Faz o que deveria fazer na hora errada. Faz o que não deveria ter feito na hora certa. E na hora mais certa ainda não fez o que deveria ser feito. E se entristece por cada vez ver menos.

Tem momentos na vida que a mente e o coração ficam tão doentes e sobrecarregam a alma. Dentro de você passa existir uma tempestade com nuvens negras e super carregadas acompanhadas de um show de raios e relâmpagos muito loucos.

Você é a nóia e paranoia. Você não sabe mais onde estar. Você não pode mais ligar. Você se pergunta o que ele faz agora no final de semana. Se entrega ao espirito de mulher imagina logo o que, outra. Você se afoga na depressão. Você tem vontade de dizer vem pra cá por que estar só. Ai você descobre que virou aquele tipo de mulher carente, chata pra cara*** que nenhum cara quer por perto. E fica se perguntando, cadê aquela pessoa legal que era antes.

Bom, a pessoa legal ainda existe. Só que estar passando pelo mau estar por que não estar vivendo o desejado. Mais dizem por ai que até esses momentos de confusão, conflito, medo, insegurança ou tudo junto que seja. Dizem os filósofos por ai que é um momento lindo. Até por que foi no momento de sofrimento da maioria deles que eles mais produziram os manuais, os dogmas, a crenças, as regras de como se deve viver. Ou seja, querem sugar seu desespero.

Ai eles dizem, não fujam do momento. Evolua. Procure sua verdade. E fui eu durante esses mais de mês tentar procurar essa tal de verdade. Não achei. Aquela regra de que cada um sabe o que faz, nem acredito mais. Eu nem sempre sei o que estou fazendo. Só sei que de verdade isso tudo dói. Que a raiva envenena. Que a saudade só se sacia realizando a vontade. Que desejo quando é forte até em meios aos choros vem. Que tudo que tenta ser concreto pode acabar, mas sentimentos não, eles resistem a qualquer coisa. E que o que deu certos para os outros, deu certo só para os outros.

Você pode seguir a regrinha do S.T.O.P do Oponopono para limpar a mente de memorias passadas que não vai rolar. Principalmente se você foi feliz um monte de vezes. Se você sentiu seu coração vibrar. Se sorriu e caiu de tanto rir. Se enlouqueceu de tesão. Se dormiu tranquila por conta de um cheiro. Se um sorriso fez você se apaixonar. Se você se viciou por uma barba. Se perdeu o folego por conta de beijos. Se dividiu a fatia de bolo. Se você já foi pura sintonia. Ai você pensa, devo ser grata e deixar ir, por que quem ama aceita e mil outras coisinhas que os livros de autoajuda dizem e você tenta treinar essa droga de aceitação e ver que ela também não rola. Que essa coisa de deixar o tempo passar também não rola.

Juro, eu não sei. De verdade só sei o que sinto. O que vai acontecer também não sei. Não vou mudar quem eu sou por contas dos conselhos, dos dogmas, das criticas, das regras. Mudar é outra coisa que não rola. Não assim forçada. Não assim de imediato. Eu já mudei naturalmente tanto em dez anos. Hoje sou tão o que eu sempre quis ser. Tão igual e diferente de todo mundo. Um ET dentro de um mundo errado. Não sinto mais certas vontades loucas que todo mundo tem vontade de fazer. Sinto agora outras vontades loucas que quase ninguém quer, e outras que são intimamente minhas.

Só sei que nada do que eu quero agora é mudar. É deixar de ser. Tá bom, diminuir essa agonia ansiosa seria algo de bom tamanho. Diminuir a vontade de transar também, por que ajudaria a não ter raiva.

Ah, complicadinho essa coisa de viver. Utopia só é bom nos livros. O politicamente correto é uma porcaria de merda. Bola de cristal não existe. E o mundo da tantas voltas que a gente nunca estar preparado para uma eventual pancada.

Eu não estava preparada para nada disso. Nem tem como se preparar. Nem quando você sente as coisas saírem do lugar dar.

Você ainda quer ir naquela casa. Você ainda quer falar do mesmo jeito. Quer aquele abraço toda vez que ver. Quer toda aquela liberdade. Você quer escutar a campainha e ver atrás do portão. Quer deixar a cabeça encostar no peito e fazer cafune. Quer fazer um monte de coisas novas. Quer mimar e por ai vai.

A memoria é traiçoeira fica levando você em momentos onde se queria estar, mesmo sabendo que nenhum deles volta. Ou que esse papo de lei da atração só acontece com os outros, por que ao longo dos dias o que você quer não acontece. E mesmo sabendo que nada depois de tanta coisa nunca mais vai ser igual você ainda quer. Pronto essa é outra verdade.

Pior coisa do que não ser inteiro é virar metade. E pior ainda é saber, que cada vez que você fala esses tipos de verdade você afasta ainda mais quem você quer por porto.

Eu estou dramática, eu sei. Mais eu gosto de mim desse jeitinho boba que sou, por que eu sei que já arranquei sorrisos e fui feliz sendo assim. Sei também que não vou ganhar um buque de flores, nem um pedido de desculpas. E muito menos um brinde de consolação. Mais não é que eu esteja sendo fraca. Demostrar um estado de vulnerabilidade é umas das maiores provas de força. E encarar ver de perto é uma prova de coragem.

 

Eu só quero fazer aquilo que faz vibrar meu o coração.

 
 
Foi tão bom quando você voltou.

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Você lê e sofre. Você lê e sorri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê, e sua vida vai se misturando no que está sendo lido. Caio F. Abreu