domingo, 3 de julho de 2011

Fotografia a beira mar

Mas o vazio tem o valor e a semelhança do pleno. Um meio de obter é não procurar, um meio de ter é o de não pedir e somente acreditar que o silêncio que eu creio em mim é a resposta a meu - a meu mistério. C.L.

 

Em um fim de tarde qualquer ela resolveu sair da casa de praia cheia de agrados boêmios e foi caminhar por instantes na areia da praia. Tirou o salto e sentiu o granulado morno a roçar sua pele, seguiu sozinha em direção ao mar e refrescou seus pés descalços na água gelada. Por segundos sentiu-se viva novamente e resolveu sentar ali mesmo na areia. Virou os olhos para o alto e começou a contemplar o céu alaranjado. Quanto mais ela olhava tudo aquilo em sua volta lembrava-se de uma vida que nunca teve e que propriamente não ira mais ter. O ar com cheiro do mar trazia lembranças de alguém que ainda a fazia sofrer e se viu ali a desejar sua presença. As lagrimas caiam e secavam rapidamente com o vento. Vento gélido que a entristecia. Sentiu medo, sentiu frio e raiva. Não aceitava mais ama-lo, não aceitava mantê-lo em mente. Ele não era digno do amor que ela tinha por ele. E fingia tudo. Mas o destino havia reservado para ela uma graciosa surpresa.

De longe o viu com a câmera nas mãos. Ele comtemplava o céu e o mar de uma forma única e registrava tudo como uma criança insana. Por minutos parou para acender seu cigarro fazendo o mesmo que ela, sentou na areia fofa e ficou liberando seu poluente ao vento. Não conseguia tirar os olhos do rapaz, ate que como surpresa ele virou e tirou uma foto sua. Ela fez careta, arregalou os olhos e arqueou a sobrancelha com indignação. Ele levantou e foi cumprimenta-la. “Desculpa pelo atrevimento” ele dizia “ mas não resistir tirar uma foto sua... o modo que olhava o mar era único e senti uma necessidade de registrar”. Ela o encarava com um olhar ríspido e começou admirar o jovem rapaz. Tinha uma barba por fazer, cabelos lisos que sobre caiam ao rosto, alargador na orelha, tatuagens no braço direito e belos olhos verdes. Um rapaz literalmente charmoso, bonito, sedutor e tabagista. Ela não fazia ideia de que aquele fim de tarde a traria duas semanas alegremente inesquecíveis.

Willi Santos

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Você lê e sofre. Você lê e sorri. Você lê e engasga. Você lê e tem arrepios. Você lê, e sua vida vai se misturando no que está sendo lido. Caio F. Abreu